Julgamento da crise
É inegável que a crise social e política que o Brasil atravessa é seguramente a mais grave de toda a sua história. Sobretudo porque ela é uma crise moral, na medida em que os valores republicanos estão sendo vilipendiados.
A crise é moral, é ética e não institucional. O golpe perpetrado pelos generais e civis para não perder o poder, incluindo assassinato de figuras da República , é estarrecedora, para dizer o mínimo, pelas proporções inauditas que tomaram. Mais aqui quero manifestar minha opinião pessoal sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal. Os ministros em sua maioria parecem incapazes de esperar e se permitem emitir opiniões sobre os casos como se já estivessem votando para condenar ou absolver os indiciados que
nem réus ainda são. Medidas estão sendo tomadas até agora e haverão de continuar, até que o último componente do urdido golpe contra a Nação seja enjaulado. Acredito que esse raciocínio equivocado povoa a inteligência de muita gente; da maioria mesmo. A crise que aí está é perfeitamente superável com a Constituição e as leis em vigor. O grande desafio é saber vencer a atual crise de forma serena, sem soluções espetaculares ou estapafúrdias.
De tal maneira a situação é difícil, que até os intelectuais, quase sempre otimistas, dão sinais de cansaço. Que o momento é de crise ninguém nega e em torno disso há um consenso, mesmo entre os políticos, quer os da situação, quer os da oposição. Agora consenso parece não existir nas principais saídas para esse momento singular que o País vive. Temos uma Constituição que, apesar de suas imperfeições, está conseguindo construir um equilíbrio político que nenhuma outra tinha conseguido. E a República jamais havia vivido período tão longo em funcionamento democrático pacífico. Se a Constituição não há de ser uma lei eterna, também não haverá de ser um boneco de cera que se amolde ao sabor dos interesses do momento. É preciso ter cuidado para julgar, punir sim, mas antecipar o julgamento, ou melhor, usando o jargão futebolístico, marcar um pênalti como juíz, e o mesmo ser o batedor desse pênalti.
ASSUNTOS: Espaço Crítico