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Os culpados somos todos nós


Por Flávio Lauria

31/01/2025 20h37 — em
Espaço Crítico


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Entre crimes de pedofilia e corrupção, hoje em dia sendo o alvo de investigações, passando por homicidios e escândalos, a coletividade de forma involuntária apresenta um comportamento hipócrita, transferindo sempre para os outros a responsabilidade dos seus atos.

Sempre a culpa é dos outros, o que está sendo feito de errado, nunca é admitido na primeira pessoa do singular. Condenamos aquele que praticam roubos, mas esquecemos propositalmente que existem os receptadores impunes, ás vezes perto de cada um de nós, que temos convívio amigável ou até íntimo.

Condenamos os traficantes, mas esquecemos que eles traficam para o consumo da sociedade; O mesmo com aqueles que exercem ilegalmente determinados afazeres, como os curandeiros ou os falsos médicos, que agem assim porque a sociedade os consulta e até os idolatra; Dizemos que, habitulamente, governo tal ou qual é corrupto, esquecendo que o governante foi criado e eleito, cuidadosamente, pela sociedade; Condenamos os ambulantes pela pirataria e o contrabando que corrói a economia nacional, mas esquecemos que toda a sociedade é freguesa assídua do esquema; Assustamo-nos com a violência social em geral, quando é sabido que ela deveria ser coibida principalmente dentro da casa de cada indivíduo da sociedade, onde nasce e é cultivada.

Mas fiquemos hoje com o caso da corrupção levando a crer pelas aparências que é o problema mais grave de nossa atualidade. É provável que assim seja, embora pessoalmente tenha minhas dúvidas a respeito. Mas estas não vêm ao caso e ao dia.

Concordo, porém, que ele esteja parecendo um castigo que nos foi imposto pelo estado-maior do inferno. Do céu é que não poderia ter vindo. De seu chefe máximo, certamente, seria incrível que brotasse tamanha perversidade. Ou poderia?  Reconheçamos desde já que ela não constitui crime solteiro. Em sua esmagadora maioria é casada. Casada com sua excelência o corruptor, um senhor de muitos poderes, tantos que só excepcionalmente aparece no noticiário e menos ainda na relação dos punidos.

Isso não implica afirmar que a desonestidade seja praticada apenas pelos abonados. E tanto é assim, que Sua Excelência a Presidente da República, em recentes declarações, fez esta denúncia: "O grande problema do Bolsa-Família era que não tínhamos um cadastro sério. (...) Sempre tem um picareta que quer cadastrar uma pessoa que não tem direito? Em matéria de corrupção e assemelhados, os casos são incontáveis. E não raro neles estamos envolvidos. Quando, por exemplo, concordamos em aceitar a oferta de pequenos descontos em nossos pagamentos mediante a dispensa de notas fiscais a quem nos vende algo ou nos presta algum serviço. Ou não é assim? E assim por diante, em uma infinidade de exemplos.

Não me restam dúvidas, pois, de que o problema maior da humanidade são as pessoas, em uma sociedade que se oculta. Só que elas ainda não sabem, ou fingem que não sabem.

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