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Em guerra, Ucrânia fecha Jogos com 3 ouros e críticas a participação russa

Por Folha de São Paulo

11/08/2024 15h17 — em
Esportes



PARIS, FRANÇA (UOL/FOLHAPRESS) - Em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022, a Ucrânia encerrou a participação nos Jogos Olímpicos de Paris com 11 medalhas, sendo três de ouro. Para além dos pódios, os atletas do país aproveitaram o evento para enviar mensagens de apoio às tropas do país e questionar a participação russa nas Olimpíadas.

"São tempos difíceis, e eu dedico essa medalha para a Ucrânia e para as pessoas que estão nos defendendo. Dedico esse ouro a nossos soldados. Estou muito orgulhosa por poder vencer aqui e colocar a bandeira da Ucrânia no lugar mais alto", disse ao UOL a campeã olímpica do salto em altura, Yaroslava Mahuchikh.

Terceira colocada na mesma prova, Iryna Geraschenko comemorou o fato de a medalha dar um momento de felicidade à população do país. "Muitas pessoas me mandaram mensagens dizendo que estavam felizes por mim. Estou feliz por poder compartilhar essa medalha com elas, e que isso seja um momento de alegria em uma época triste".

Principal destaque do país nos Jogos, a esgrimista Olga Kharlan deixou Paris com uma medalha de ouro e uma de bronze. Para ela, poder participar das Olimpíadas já foi especial: há um ano, ela foi suspensa por não cumprimentar uma adversária russa após um combate no Campeonato Mundial da modalidade. A sanção foi retirada posteriormente.

Com as duas medalhas no peito, ela falou sobre a dificuldade na preparação. "Claro que foi complicado, os Jogos de Paris foram diferentes de todos os que eu estive antes. Alguns de nossos atletas perderam pessoas próximas na guerra. Estamos aqui de corpo e alma para representar nosso país e estamos orgulhosos disso, mas a situação é péssima: estamos em ocupação", afirmou.

Olga também mostrou seu descontentamento com a participação de atletas russos nos Jogos Olímpicos. Competindo sob o nome de "AIN" (Atletas Individuais Neutros), 32 russos e bielorrussos disputaram o evento, em dez modalidades. A esgrima não era uma delas.

"É claro que isso é chateia. Eu gostaria que nenhum deles estivesse aqui, mas ainda assim vimos muita gente daquele país aqui. Na esgrima não havia nenhum e isso é uma grande vitória para nós. Esses atletas representam um país, eles não são neutros. Mas eu ainda prefiro que sejam 15 atletas da Rússia do que 200 ou 300, como costumam ser", disse a esgrimista ao ser questionada pelo UOL sobre o tema.

Números positivos

A delegação da Ucrânia em Paris foi a menor do país em Jogos Olímpicos desde que começou a participar dos Jogos Olímpicos de forma independente, em 1996. Foram 141 atletas, contra 155 em Tóquio. Nas seis edições anteriores, havia pelo menos 200 atletas ucranianos.

Ainda assim, a campanha com três medalhas de ouro, cinco de prata e quatro de bronze foi considerada boa pelos dirigentes locais. Em Tóquio, o país teve apenas uma medalha de ouro, com 6 de prata e 12 de bronze.

"Sou ucraniano com muito orgulho e fiquei orgulhoso por ver que a Ucrânia não está nos Jogos Olímpicos apenas para participar, mas também compete em alto nível e ganha medalhas", disse o ex-jogador de futebol Andriy Shevchenko, presidente da Federação Ucraniana de Futebol.

"Acho que por trás dessas medalhas há histórias incríveis e muito humanas. Tenho certeza de que todos nós estamos conectados pela guerra. Sei como foi difícil para os atletas competir, se classificar para os Jogos Olímpicos e ganhar as medalhas. Isso me enche de orgulho", concluiu o ex-craque do Milan e do Chelsea.


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