Judoca Rebeca Silva ganha ouro com gostinho de vingança
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - A brasileira Rebeca Silva, 22, conhece bem a rival cubana Sheyla Estupinan, 23, para quem perdeu uma polêmica semifinal no Parapan de Santiago.
Neste sábado (7), a brasileira se vingou em uma luta muito equilibrada na Arena Campo de Marte, e conquistou mais um ouro para o judô nos Jogos Paralímpicos de Paris, na categoria acima de 70 kg, classificação J2.
Os judocas são separados em duas categorias de deficiência visual: J1 (cegos totais ou com percepção de luz) e J2 (atletas que conseguem definir imagens). Em Paris, essa é a primeira vez que a modalidade tem a divisão na classificação.
A conquista ajudou o Brasil a alcançar sua maior campanha de sua história paralímpica em Paris. Com 23 medalhas de ouro, a delegação superou as 22 obtidas em Tóquio, com mais 25 de prata e 37 de bronze, total de 84 medalhas --no Japão foram 72 medalhas ao todo.
Só neste sábado, o judô conquistou três medalhas de ouro, incluindo as vitórias de Arthur Silva, até 90 kg - J1, e Wilians Araújo, acima de 90 kg - J1.
"Eu não estou acreditando, eu não acredito. Depois de tudo que passei, é muito orgulho. Eu não estou acreditando ainda", falou empolgada, logo após deixar o tatame.
Com 1min12s, a brasileira recebeu uma punição --as lutas do judô têm quatro minutos. Em seguida, porém, conseguiu levar a cubana ao solo com um tani-otoshi, golpe que lhe rendeu a pontuação de um wazari.
A cubana, mais leve, tentava a entrada com os pés a todo momento, enquanto a brasileira buscava se impor com seu maior físico.
Quando faltavam 1min05s, a brasileira, que aparentava mais cansaço, levou outra punição por falta de combatividade, quando escapou por pouco de uma entrada --Estupinan, nervosa, chegou a bater com as mãos no tatame.
Logo em seguida, quando as duas estavam no solo, a brasileira conseguiu o ippon e a vitória.
"Eu só via na minha cabeça, não desista, vá até o final. E eu consegui, eu não acredito ainda", repetiu.
No Parapan de Santiago, em 2023, Rebeca perdeu a semifinal para a cubana em decisão polêmica. O juiz validou um golpe após o comando de interrupção do combate. A brasileira saiu da competição com o bronze, enquanto Estupinan foi a campeã.
A paulista de São Bernardo do Campo tem deficiência visual por conta da genética da família. Conheceu o judô em 2013, por meio de um projeto.
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