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Não tem essa de campeonato de aposentado, diz ex-seleção que joga na Arábia

Por Folha de São Paulo

25/12/2024 8h00 — em
Esportes



JEDDAH, ARÁBIA SAUDITA (UOL/FOLHAPRESS) - Roger Ibañez tinha 25 anos quando tomou uma decisão controversa sobre sua carreira: titular da Roma e nome recorrente em convocações da seleção brasileira, ele aceitou ir para o futebol da Arábia Saudita.

"Do ponto de vista da imprensa, falam que é um campeonato para quem está em fim de carreira, jogadores estão indo para lá para se aposentar em uma liga menos competitiva. Mas não existe isso: cada jogo é muito difícil, cada time tem pontos fortes. E as últimas contratações que vieram para cá foram atletas jovens. Isso diz tudo", diz o zagueiro do Al-Ahli em entrevista ao UOL em Jeddah, segunda maior cidade do país.

Ele fala da última janela de transferência. Depois da contratação de trintões como Cristiano Ronaldo, Benzema, Neymar, Mané e Kante, por exemplo, as principais chegadas do futebol saudita foi de jogadores sub-23. Marcos Leonardo chegou para o Al-Hilal (de Neymar), Diaby, para o Al-Ittihad, de Benzema, e Ângelo para o Al-Nassr, de Ronaldo.

Mesmo assim, o Campeonato Saudita lida com dúvidas. Quando o holandês Bergjwin foi contratado pelo Al-Ittihad, o técnico da Holanda, Ronald Koeman, disse que as portas do time nacional estavam fechadas: "Ir para a Arábia Saudita aos 26 anos não tem a ver com o aspecto esportivo. A sua história com a seleção holandesa está encerrada".

No Brasil, nenhum técnico fez comentários parecidos. Inclusive, o goleiro Bento, reforço da temporada do Al-Nassr, esteve nas últimas listas de Dorival Júnior e, quando Neymar voltar a jogar, voltará a ser convocado. Os dois, porém, tem posições consolidadas no elenco verde e amarelo.

Para jogadores como Ibañez, a situação é diferente. Sua última convocação veio em 18 de agosto de 2023 - dez dias depois da confirmação de sua contratação pelo Al-Hilal. O técnico era Fernando Diniz. Depois, o mesmo Diniz não o chamou mais, preferindo nomes com o de Bremer, da Juventus.

"Eu pensei assim: é um mercado em ascensão, que cresceu muito no último ano e está recebendo muitos atletas grandes. Foi por isso que aceitei e não me arrependo", disse o jogador.

A esperança por seguir na seleção, porém, segue: "Continuo trabalhando do mesmo jeito que eu trabalhava na Roma quando eu fui chamado pela primeira vez. Fui chamado aqui, também, na primeira a convocação depois que cheguei. Quem joga aqui está tão preparado quanto quem joga em outros lugares. Eu estou pronto".

EX-FLUMINENSE ACEITOU ARÁBIA PELO DESAFIO

Companheiro de Ibañez no Al-Ahli, o ex-Fluminense Alexsander chegou ao país antes mesmo de se consolidar no clube em que defendia. No Fluminense de Fernando Diniz, teve momentos como titular, mas o número de opções para o meio-campo acabava fazendo com que o volante André fosse o único titular indiscutível.

Quando a proposta árabe chegou, porém, ele aceitou sem pensar duas vezes. "Sou um cara que está sempre se desafiando, querendo buscar novas áreas, coisas diferentes, ser diferente de normal, fugir do roteiro. Conversei com a minha família e decidimos que seria ótimo poder me desafiar. E estou feliz demais de poder estar aqui".

"Estou me adaptando bem. Estou ao lado de excelentes jogadores, gente que que eu só via no videogame, na televisão. Hoje, estou ao lado do Bob (Firmino), que era um ídolo", disse Alexsander, volante do Al-Ahli.

*O repórter viaja a convite da Liga Profissional de Futebol.


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