O que Max Verstappen e Gabriel Bortoleto estão fazendo em Ruanda?
(UOL/FOLHAPRESS) - A premiação oficial dos campeões mundiais de automobilismo da temporada 2024 está sendo realizada nesta sexta-feira em Kigali, capital de Ruanda, um pequeno país de menos de 14 milhões de habitantes que fica entre o Congo e a Tanzânia, na África, e há um bom motivo para isso: o país está investindo forte para levar a Fórmula 1 de volta ao continente.
É por isso que o campeão da Fórmula 1, Max Verstappen, está por lá para receber o troféu por seu quarto título na categoria. Todo ano, os três primeiros colocados na F1 recebem seus troféus apenas nesta cerimônia realizada pela Federação Internacional de Automobilismo em locais diferentes. Ano passado, Baku, no Azerbaijão, foi o palco desta festa.
Gabriel Bortoleto já recebeu seu troféu pelo campeonato da Fórmula 2, que não é considerado um campeonato mundial pela FIA, então tem premiação própria, junto com a Fórmula 3. Mas também viajou para Kigali. Ele deve receber o troféu de melhor estreante do ano, encerrando uma semana agitada, com a decisão do título, seu primeiro dia de testes com a Sauber na F1, trabalho no simulador e a viagem a Ruanda.
A Confederação Brasileira de Automobilismo também receberá uma menção especial pelo trabalho de igualdade, diversidade e inclusão.
A escolha dos locais para a entrega desses prêmios passa por interesses políticos e comerciais. E Ruanda conseguiu inclusive quebrar a tradição recente da FIA de realizar uma cerimônia em Paris, onde é sediada, e outra fora da França. E há bons motivos para essa "pressa" do país africano.
RUANDA PODE SEDIAR A F1?
Ruanda aproveitou a ocasião para se candidatar oficialmente para receber uma corrida de F1 no futuro, em um circuito desenhado pelo ex-piloto Alex Wurz. O circuito ficaria nos arredores da capital, passando por uma floresta e aproveitaria o perfil montanhoso do país, e as conversas com a F1 começaram há pelo menos um ano.
Existe uma vontade da categoria de voltar ao continente, algo que esteve perto de acontecer com a África do Sul, mas que não foi adiante por problemas financeiros com o projeto, embora os sulafricanos não tenham desistido e continuem a se reunir com a F1. A última vez que estiveram no paddock foi no Qatar, corrida que tinha um stand do governo de Ruanda oferecendo café de graça na fanzone.
Ruanda ocupou os noticiários há 30 anos por conta de um genocídio que vitimou entre 500 mil e um milhão de pessoas da etinia tutsi em um espaço de apenas 100 dias. Mas o país é estável politicamente há tempos e tem investido pesado em atrair turistas, usando o esporte para fazer propaganda do país, então o projeto da F1 se encaixa dentro dessa estratégia.
E eles têm um grande aliado, Lewis Hamilton, que vem cobrando do CEO da F1, Stefano Domenicali, que a África não seja ignorada no calendário. "Não podemos adicionar corridas em outros locais e continuar ignorando a África, de onde o resto do mundo só se aproveita. Ninguém dá nada para a África. Há uma quantidade enorme de trabalho que precisa ser feito lá. Acho que boa parte do mundo que não esteve lá não percebe o quão bonito o lugar é, o quão vasto. Acho que ter um GP poderia realmente destacar como é um ótimo lugar e atrair turismo e outras coisas."
VERSTAPPEN AINDA FARÁ SERVIÇO COMUNITÁRIO
O holandês vai aproveitar a viagem para cumprir a sua pena por ter usado palavrões para descrever o comportamento de seu próprio carro durante uma coletiva de imprensa no GP de Singapura.
Não está claro qual será exatamente a punição. A FIA divulgou que ele iria "trabalhar com competidores juniores como parte do programa de desenvolvimento de base organizado pelo Rwanda Automobile Club. A atividade envolverá um carro de baixo custo construído localmente em Ruanda pelo clube a partir de projetos fornecidos pela FIA."
ASSUNTOS: Esportes