Sabino superou tristeza com voz de Muricy e exemplo de Nestor no São Paulo
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Sabino estava sentado perto de uma placa no CT da Barra Funda. Enquanto o time treinava em campo, aquele era o lugar que cabia a ele: a reserva. Cabisbaixo, o zagueiro não percebeu a aproximação, mas ouviu uma voz muito conhecida.
"Ei, não desanima, não. Se você está aqui é porque tem qualidade. Tem que estar preparado pra quando tiver a chance, agarrar e não sair mais."
Sabino ergueu a cabeça e viu o dono da mensagem: Muricy Ramalho, o principal responsável pela chegada do defensor ao Tricolor.
"Aqui no São Paulo, eu entendi a palavra resiliência. A parte mais difícil de aprender a ser resiliente é você fazer as coisas, olhar para o futuro e parecer que não vai acontecer nada. Eu estava treinando e parecia que a oportunidade não viria. Era difícil chegar aqui todos os dias com ânimo, sorrindo, mas tive pessoas fundamentais que não me deixaram me abater, o Luiz, o Nestor e o Welington. Tinha dias que eu chegava aqui triste, só queria ir para o meu cantinho e fazer minha oração. Chegava no vestiário e eles falavam 'vamo, não pode ficar assim'. Sem saber, eles foram me ensinando a palavra resiliência", diz Sabino, em entrevista exclusiva ao UOL.
Muricy havia ligado para o empresário de Sabino ao estranhar a ausência do defensor em um clássico entre Sport e Santa Cruz. A lenda do São Paulo foi avisada que o zagueiro estava lesionado, mas não deixou de passar seu recado ao estafe do atleta: "Sabino joga muita bola".
E não foi a única vez que Muricy entrou em contato. Em uma das oportunidades posteriores, Muricy descobriu que Sabino estava encostado. Em dado momento capitão do Sport, o defensor se recuperava ainda da lesão, mas estava fora dos planos. E foi aí que Muricy agiu.
"Se eu estou aqui é por causa dele (Muricy). 99,9%. Cheguei aqui, passei esse tempo sem jogar e teve um dia que depois do treino fiquei sentado na placa ali, meio triste por não estar jogando. Ele chegou e falou 'sei que é difícil, mas não para, não. Se você está aqui é porque você merece e vai chegar sua oportunidade'. Além dos bastidores, ele é meio fechadão e tenho até receito de falar com ele, mas quando eu estava sem jogar eu perguntei para ele o que eu precisava melhorar e ele me explicou, também me disse que eu precisava ter paciência porque estava voltando de uma lesão. Em dado momento, ele acreditou mais em mim do que eu mesmo, com certeza", afirma.
O início de Sabino não foi o sonhado por ele, principalmente depois dos episódios polêmicos da recusa em se aquecer, a qual o defensor nega, e a briga generalizada no clássico contra o Palmeiras.
Eu sou muito tranquilo. Quando aconteceu a situação do Vasco (episódio do aquecimento), eu fiquei sem entender, porque eu não falei nada daquilo que colocaram. Cheguei a conversar com minha assessoria sobre me posicionar, mas deixei quieto. Eu já estava sofrendo para jogar, ia me desgastar para explicar algo que não aconteceu? Deixa que o tempo vai falar por si só. E aí veio o Palmeiras, que foi o contrário. Falaram que eu dei murro, mas jamais. Fiquei chateado pela pessoa que o cara deveria ser, de apaziguar a situação, não de agitar mais ainda. Eu dei um empurrão nele, o que também não acho que está correto.
Além de Muricy como incentivador, Sabino sempre teve em Rodrigo Nestor o maior exemplo de superação. E o exemplo do meia, que marcou o gol do título da Copa do Brasil de 2023, foi importante para o zagueiro suportar o momento ruim.
"O Nestor foi um grande exemplo pra mim dentro do São Paulo, por mais que eu não convivesse com ele, eu sei o momento complicado que ele passou aqui e ano passado fez um dos gols mais importantes da história do clube. Ele me falava, explicava o que viveu."
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