Velório de Manga tem ex-parceiros de Botafogo e molde das mãos em exposição
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RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - O corpo de Haílton Corrêa de Arruda, o Manga, foi velado na manhã desta quarta-feira (9), em General Severiano, sede do Botafogo, clube do qual é ídolo. O Glorioso colocou em exposição taças e um molde das mãos dele. Alguns ex-companheiros dos tempos de Alvinegro compareceram.

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O ex-goleiro morreu nesta terça-feira (8). Ele ainda teve passagens marcantes por clubes como Internacional, Nacional, do Uruguai, e seleção brasileira.
'A HISTÓRIA DO FUTEBOL'
Integrantes da geração que venceu o Carioca de 67 pelo Botafogo estiveram no ginásio do Glorioso. O lateral Moreira, o volante Carlos Roberto, os meias Arlindo e Afonsinho e meia-atacante Paulo Cesar Caju compareceram ao adeus ao responsável pelo "Dia do goleiro".
"Manga é a história do futebol. Jogou com o braço aberto, jogou operado... Deu o sangue pelo Botafogo. Treinava muito, e gostava dos jogadores que tinham chute forte. Os jogadores o respeitavam em campo. Fora dele, ele era um ursinho. O Manga amava o futebol, o Manga era o futebol. O futebol perdeu um dos alicerces, como podemos chamar", lembrou Moreira, em meio às lágrimas.
"O Manga foi uma marca para mim. Quando cheguei aqui a General Severiano, o Botafogo tinha feito uma excursão e alguns jogadores tinham ficado aqui, como ele, Zagallo, Quarentinha... Então, eles treinavam conosco. Isso nos aproximou muito. Depois, acabei fazendo parte do time. O Manga, dentro da simplicidade dele, tinha uma inteligência admirável, e era um jogador de futebol 24 horas por dia. Uma percepção muito aguçada", indicou Afonsinho.
Durcesio Mello, ex-presidente do Alvinegro, ressaltou a importância de Manga para a história do clube: "É o maior vencedor do Botafogo. São 20 títulos, ganhou tudo. É um ídolo do Botafogo. E um ser humano maravilhoso. Ele e a família são muito queridos. Nós assistíamos aos jogos juntos, eu o levava ao camarote e tudo mais. E pude levar a taça da Libertadores para ele ver. Tenho essa foto guardada".
Nos últimos tempos, o ex-goleiro morou em um apartamento alugado por Durcesio, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Anteriormente, o ex-goleiro, que havia retornado ao Brasil em 2020, morou no Retiro dos Artistas.
"É um ícone do Botafogo e uma pessoa muito simples, que faleceu sem recursos, infelizmente. Eu não gosto de falar sobre isso, mas, realmente, ajudava. Era o mínimo que poderia fazer para um ídolo".
Joel Carli, ex-jogador e atual Coordenador de Futebol do Botafogo, salientou que não será a última vez que Manga será lembrado: "Importante estar aqui nesta quarta-feira (09) prestando homenagem ao nosso ídolo, um cara que nos representou tanto dentro de campo quanto fora, e deixou um legado enorme para a nossa torcida, para o clube e tudo o que amamos no Botafogo. Essa vai ser uma última homenagem presencial, mas, com certeza, que o clube vai continuar elogiando homenageando".
MOLDE DAS MÃOS
O Botafogo colocou em exposição um molde das mãos de Manga. O goleiro, que não usava luvas, ficou marcado pelos dedos tortos, fruto de inúmeras fraturas.
Além disso, os troféus dos Cariocas de 1961, 1962 e 1967 e da Taça Brasil de 1968 alguns dos títulos que o Alvinegro conquistou com o goleiro também foram postos no ginásio de General Severiano.
As bandeiras do Botafogo e do Brasil estiveram sobre o corpo. Ao fim, após uma reza, os presentes cantaram o hino do Glorioso.
O ex-goleiro também foi titular da seleção brasileira na Copa de 1966 e multicampeão por Inter e Nacional. Pelo Colorado, ele se sagrou bicampeão brasileiro em 1975 e 1976, enquanto venceu quatro vezes o Campeonato Uruguaio, a Libertadores de 1971 e o Intercontinental do mesmo ano pelo Nacional.
"Manga foi um gigante, um monstro. Para mim, é o maior goleiro da história do futebol brasileiro. Ele aparece no time de todos os tempos do Botafogo e do Internacional, o que mostra o tamanho dele", avaliou Durcesio.
Natural do Recife, Manga começou a carreira no Sport antes de chegar ao Botafogo, onde virou ídolo. Atuou no Uruguai de 1969 a 1974, quando foi repatriado para marcar geração no Inter. Passou por Operário-MS, Coritiba e Grêmio antes de encerrar a carreira no Barcelona-EQU, em 1982.

ASSUNTOS: Esportes