Exame comprova que menina morta em parto estava grávida do pai no Amazonas
Manaus/AM - O resultado do exame de DNA feito na menina de 13 anos, que morreu em dezembro de 2019 no município de Coari, após complicações em umparto cesariana, comprovou que o bebê era fruto dos estupros cometidos pelo seu próprio pai, um agricultor de 37 anos que já está preso.
Segundo a BBC, o agriculto nega os abusos sexuais, mesmo o exame de DNA tendo comprovado que ele é o pai do bebê da própria filha.
Conforme documentos do caso, a vítima chegou a contar ao avô os abusos que sofria do pai. Em depoimento à polícia, no começo de novembro, a menina mudou a versão do que havia dito anteriormente e relatou que o pai tentou acariciar suas partes íntimas aos nove anos, mas parou quando ela disse que contaria à mãe. A jovem também falou que quando tinha 12 anos, o agricultor tentou abusar sexualmente dela, mas não conseguiu, pois ela correu. A garota disse que o pai do bebê que carregava era um idoso que, segundo ela, havia morado por alguns meses com a sua família.
A jovem ainda disse, no depoimento, que nunca havia sido abusada pelo pai e que havia contado para a família que estava grávida do próprio pai porque se sentiu pressionada.
A Polícia Civil e o Ministério Público do Amazonas, porém, acreditam que a garota tenha sido induzida a mudar a versão dos primeiros relatos. "Comumente, familiares pressionam essas crianças para contarem outras histórias e tentar incriminar terceiros. Isso pode acontecer até mesmo a pedido dos pais. Muitas vezes, a mãe depende economicamente do pai e não quer vê-lo preso", diz o promotor Wesley Machado, que atuava em Coari e foi o responsável por investigar o caso.
No começo de dezembro do ano passado, o bebê da menina nasceu prematuro, aos oito meses, por meio de uma cesárea. O procedimento foi feito às pressas, em razão do estado de saúde da garota, que desenvolveu uma grave anemia. Ao longo da gestação, a jovem teve diversas dificuldades de saúde. Dias após o parto, a situação ficou ainda mais grave. Em 11 de dezembro, a adolescente não resistiu. No registro de óbito consta que ela morreu em decorrência de pré-eclampsia grave e infecção generalizada.
O agricultor foi preso nove dias após a morte da filha. Em depoimento, o homem negou ter abusado da garota. Ele disse que não sabia o motivo dela o acusá-lo de estupro e argumentou que fugiu da comunidade ribeirinha em que morava, logo após a descoberta da gestação, por medo de agressões.
O agricultor foi denunciado pelo Ministério Público do Amazonas por estupro de vulnerável, com o agravante da morte da jovem. "Ele pode pegar até 20 anos de prisão", diz o promotor Wesley Machado. O órgão também pediu que Lauro pague indenização de R$ 50 mil por danos morais à família de Jéssica.
Uma das principais provas contra ele é o exame de DNA feito no início deste ano, a pedido da Polícia Civil, que comprovou que ele é o pai do bebê de sua filha.
A defesa do agricultor nega as acusações. O advogado Vanderson Oliveira diz que pedirá um novo exame de DNA, pois o agricultor afirma que nunca abusou da filha. "Conversei com o acusado informalmente e ele disse que a denúncia é infundada", argumenta Oliveira.
O promotor do caso afirma que não há dúvidas de que o pai abusou sexualmente da filha. "O exame de DNA e os relatos da jovem confirmam que ele foi o responsável pelo ato sexual", declara Machado.
O agricultor permanece em prisão preventiva. A defesa tenta a sua liberdade provisória, sob o argumento de que ele, que teve covid-19 na prisão e se recuperou, corre risco de saúde. O Ministério Público, porém, pede que ele permaneça preso e justifica que o homem apresenta bom estado de saúde, após se recuperar do coronavírus. A Justiça analisa o pedido.
O caso tramita em segredo de Justiça. As primeiras audiências ainda não foram realizadas, em decorrência da pandemia de covid-19.
O filho da vítima, segundo o delegado José Afonso Ribeiro, passa bem e está sob os cuidados dos parentes da jovem.
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