Trajetória de Marília Pêra é registrada em fotobiografia com mais de 750 imagens
O palco sempre se iluminava para a entrada de Marília Pêra, uma das maiores atrizes brasileiras, que morreu em dezembro, aos 72 anos. Com um raro talento para representar drama, comédia ou musical, Marília transformava o ato de representar em algo sublime. Arte com a qual teve contato desde os primeiros meses de vida, como se comprova no livro Marília Soares Marzullo Pêra, uma fotobiografia idealizada por ela e sua irmã, Sandra.
Foi um dos últimos trabalhos de Marília, que morreu de câncer nos ossos e pulmões. Ela chegou a ver pronto o livro com mais de 750 imagens e o lançamento estava previsto para 15 de dezembro. Mas foi adiado com o agravamento da doença e ocorre nesta segunda-feira, 25, na Livraria da Travessa do Leblon, no Rio - ainda não há data prevista para São Paulo.
No evento carioca, estarão presentes Sandra e Nélida Piñon, autora do prólogo do livro. "Magra, da aparência frágil, o imenso talento de Marília Pêra superava os obstáculos, multiplicava-se em cena", escreve a autora. "Dotada de artimanhas teatrais, ela representava, dançava, cantava, enquanto detalhava a natureza dos textos com a mesma perspicácia de quem os escrevera."
Marília era filha de atores e, mesmo não trazendo o sobrenome da mãe (Marzullo) em seu registro oficial, decidiu colocá-lo no título do livro, como homenagem à linhagem artística que a originou. A obra traz principalmente fotos, desde o trabalho teatral dos pais, passando pelo nascimento de Marília e depois Sandra, até acompanhar detalhadamente a carreira da primogênita.
Acompanhar a evolução artística de Marília representa descobrir momentos importantes do teatro, cinema e TV no Brasil. Ela atuou em 49 peças, 29 novelas e 24 filmes, recebendo mais de 80 prêmios. Como começou ainda menina, conviveu com diversas gerações de artistas, como Henriette Morineau, Procópio Ferreira, Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Marco Nanini e Miguel Falabella, entre outros.
Aliás, o livro traz ainda reproduções de bilhetes deixados pelos colegas, desde o desejo de sucesso na peça que estava para estrear, escrito por Míriam Muniz, até um elogio rasgado ("se existisse uma língua superior, eu a usaria para te dizer o quanto te admiro") do cineasta Hector Babenco, que a dirigiu nos filmes O Rei da Noite (1975) e, principalmente, Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980), um dos principais trabalhos de Marília.
As fotos revelam ainda a versatilidade da atriz, que representou a vida de figuras notáveis, como Carmen Miranda, Dalva de Oliveira, Maria Callas, Coco Chanel. Viveu também figuras anônimas, como Mariazinha, a solteirona virgem, e Darlene, a mulher do povo, que se tornaram marcantes graças à sua atuação.
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