Advogada detalha supostos assédios de Marcius Melhem contra elenco da Globo
Marcius Melhem, ex-diretor da Globo, foi desligado em agosto deste ano da emissora. O fim do contrato ocorreu após quase duas décadas de trabalho e 8 meses após denúncia de assédio contra a atriz e também humorista, Dani Calabresa.
Após Dani, outras atrizes também denunciaram o humorista que tem sua assinatura em sucessos como o 'Zorra', 'Tá no Ar' e 'Escolinha do Professor Raimundo'.
As denúncias vão de: agarrar à força, envio de mensagens inconvenientes até ambiente tóxico de trabalho. De acordo com a Folha de São Paulo, no desligamento de Melhem, nada foi declarado pela emissora em relação às denúncias.
Com medo, a maioria das vítimas não quis se identificar. Foi então que a advogada criminalista Mayra Cotta, deu voz ao caso. De acordo com a advogada, são seis vítimas de assédio sexual e seis testemunhas dos casos.
Mayra relata que são acusações de assédio sexual e moral. Segundo ela, Melhem se valia de sua posição para constranger atrizes a se envolverem com ele. Ainda de acordo com a advogada, Marcius tinha o comportamento recorrente de trancar mulheres em espaços e tentar agarrá-las, contra sua vontade. Mandava mensagens de teor sexual para mulheres que ele decidia se iam ou não ser escaladas para trabalhar, se iriam ou não ter cenas, além de prejudicar a carreira daquelas que o rejeitavam.
Melhem também não deixava atrizes irem para outros nichos na emissora, para fazer outras coisas e em alguns momentos, usava até violência, declarou a advogada.
Mayra diz ainda que existem mais vítimas, mas que por medo, acabaram deixando o caso "para trás".
O ator se pronunciou sobre as acusações, em carta enviada à Folha de São Paulo. Leia na íntegra: "Como escrever uma nota pra comentar acusações dessa gravidade? Culpados e inocentes dizem a mesma coisa. “Sou inocente.” “Vou provar na justiça”. Por isso qualquer coisa que eu diga pode soar falsa de cara. Mas preciso falar e com o tempo mostrar minha sinceridade no que vou dizer aqui.
Estou disposto a reconhecer meus erros, pedir desculpas e, se possível, reparar pessoas que eu tenha de qualquer forma magoado. Quero enfrentar isso com verdade e humanidade e me expor se for preciso. Fazer jus a todos esses anos em que pautas como as do feminismo foram abraçadas pelo humor transformador em que eu acredito. Fiz parte de um grupo de homens e mulheres que se orgulha de usar o humor como um instrumento contra o preconceito. Mas mesmo abraçando profissionalmente a causa feminista, ainda combato o machismo dentro de mim, erro, posso ter relações que magoem. Tento melhorar e aprender. E queria muito falar sobre isso.
Mas diante de acusações tão graves que eu de forma alguma cometi, o que eu posso fazer? Negar.
Eu coloco à disposição toda minha comunicação que tenho arquivada, com qualquer pessoa que tenha trabalhado ou se relacionado comigo nesses anos. E peço que ouçam as pessoas que trabalharam comigo, que acompanharam muitas situações de perto e que podem falar bastante sobre isso tudo. Peço por favor que apurem a verdade e não apoiem mentiras. Há alguns meses, tive que sair do país para um importante tratamento médico de minha filha e não acreditei quando essa viagem passou a ser divulgada como uma fuga.
Qualquer pessoa que me conheça, que tenha convivido minimamente comigo sabe que é impossível eu praticar alguma violência, especialmente contra as mulheres. Jamais seria capaz de emparedar alguém à força.
Até hoje eu fiquei calado porque as acusações não apareceram aqui fora. No compliance da Rede Globo tudo foi apurado e investigado rigorosamente. Saí pela porta da frente da emissora que trabalhei por 17 anos. Sei que num caso desses, ainda mais no momento que vivemos, de tanto ódio, serei culpado até provar o contrário. Então quero que tudo seja colocado às claras, expor a minha inocência e os meus erros. Quero poder pedir desculpas e cobrar responsabilidades. Vou em busca da verdade."
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