Ministro iraniano acusa EUA de terrorismo e autoridades falam em vingança
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ataque americano em Bagdá, no Iraque, que matou o general iraniano Qassim Suleimani na madrugada desta sexta-feira (3), agravou tensões entre os dois países e colocou a comunidade internacional em alerta.
O ministro das relações exteriores do Irã, Javad Zarif, condenou a ação e exigiu que os EUA sejam responsabilizados por todas as consequências de seu aventureirismo político.
"O ato dos EUA de terrorismo internacional, localizando e assassinando o general Suleimani -a força mais efetiva no combate ao Daesh (Estado Islâmico), Al Nusrah, Al Qaeda e outros- é extremamente perigoso e tolo", afirmou Zarif em seu perfil no Twitter.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, anunciou três dias de luto nacional.
O porta-voz do Parlamento do Iraque, Mohammed al-Halbousi, condenou o ataque. "O ataque de ontem perto do aeroporto internacional de Bagdá é uma flagrante violação da soberania e violação de acordos internacionais", afirmou.
Ordenada por Donald Trump, a ação resultou em ao menos nove vítimas. Entre elas, Abu Mahdi al-Muhandis, líder de uma milícia iraquiana favorável a Teerã.
O movimento é tido como uma escalada dramática no conflito indireto entre os Estados Unidos e seus aliados -Israel e Arábia Saudita, principalmente- e o Irã.
Além das críticas de autoridades iraquianas, o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, e o presidente do país, Hassan Rohani, também condenaram o ataque como criminoso e prometeram retaliação.
"Sem dúvidas, o Irã e outros países que buscam liberdade na região vão buscar sua vingança", disse Rohani.
A Guarda Revolucionária, cuja unidade de elite, a Al Qods, era chefiada por Soleimani, disse que o ato fortaleceu a determinação de vingança.
"A breve alegria dos americanos e dos sionistas se transformará em luto", disse o porta-voz Ramezan Sharif na televisão estatal.
O porta-voz do Hamas, Bassem Naim, responsabilizou os Estados Unidos pelas consequências.
"O assassinato abre as portas para todas as possibilidades na região, exceto calma e estabilidade", diz a mensagem publicada no Twitter.
Na manhã desta sexta-feira, Khamenei nomeou Esmail Qaani como o novo chefe da força Al Qods.
Também nesta sexta, o secretário de Estado do governo Trump, Mike Pompeo, afirmou à Fox News que o país continua comprometido com uma desescalada com o Irã, mas que está preparado para se defender.
Antes disso, Pompeo havia elogiado a ação em uma mensagem publicada no Twitter. "Iraquianos dançando na rua por liberdade, gratos porque o general Suleimani se foi", diz o texto.
O ex-vice-presidente e rival de Trump, Joe Biden, afirmou que o presidente deve uma explicação ao povo americano sobre a estratégia para proteção das tropas, da embaixada e dos interesses dos EUA na região.
A presidente da Câmara dos Representantes americano, Nancy Pelosi, disse que o bombardeio ameaça gerar uma escalada de violência na região.
"Os Estados Unidos e o mundo não podem permitir que as tensões cheguem a níveis irreversíveis", afirmou a democrata em um comunicado.
O ministro das Relações Exteriores do Líbano demonstrou preocupação com que o país e o resto da região sejam prejudicados com as repercussões do ataque americano. Ele também condenou a ação, chamando-a de uma violação da soberania iraquiana.
Israel colocou seu exército em alerta e aliados dos EUA na Europa, incluindo a França e a Alemanha, manifestaram preocupação com a tensão na região.
O Reino Unido reforçou a segurança de suas bases militares no Oriente Médio. O ministro de relações exteriores, Dominic Raab, disse que a evolução do conflito não é do interesse britânico.
A relatora especial da ONU para execuções extrajudiciais, Agnes Callamard, publicou uma mensagem em uma rede social afirmando que as mortes foram provavelmente ilegais e que violaram as leis internacionais de direitos humanos.
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