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Funkeiro MC Tikão é preso suspeito de tirar Rogério 157 da Rocinha e de negociar troca de facção

Por Portal Do Holanda

20/10/2017 19h53 — em
Famosos & TV


 Reprodução TV Globo PUBLICIDADE

RIO - O funkeiro Fabiano Batista Ramos, o MC Tikão, preso nesta sexta-feira pela polícia, foi o responsável por tirar o traficante Rogério 157 da Rocinha, durante o cerco das Forças Armadas à comunidade, em setembro. De acordo com reportagem exclusiva do telejornal RJTV, o depoimento de uma testemunha-chave revela que foi o fukeiro que mediou o encontro que selou a troca de facção do traficante, que deixou a Amigos dos Amigos (ADA) e passou para o Comando Vermelho (CV) após romper com o traficante Nem da Rocinha.

Segundo o telejornal, Tikão, que tinha entrada livre na Rocinha e chegou a fazer uma música em homenagem ao chefe do tráfico ("Você pode ser bandido / Traficante 157"), foi preso na Taquara, Zona Oeste. Em depoimento, foi na garupa da moto dele que Rogério 157 deixou o esconderijo onde estava, em 22 de setembro, quando a Rocinha estava cercada.

- O MC Tikão foi procurado pelo Rogério porque eles são muito amigos, o MC TIkão frequenta, frequentava muito a Rocinha (...) Ele foi justamente essa pessoa que intermediou essa negociação para que o Rogério 157 saísse da facção criminosa à qual ele pertencia anteriormente e para qual ele está atualmente - afirmou um delegado que investiga o caso ao RJTV.

De acordo com o depoimento da testemunha-chave, foi ele quem apresentou Rogério 157 a Paulinhozinho do Fallet, o chefe do tráfico na comunidade e um dos principais nomes do CV. Foi durante um encontro no Morro do Turano que aconteceu o acordo entre 157 e Paulinhozinho.

A testemunha-chave ouvida pela polícia revelou também que os 60 fuzis que foram apreendidos pela Polícia Civil no Galeão seriam destinadas à Rocinha e que um dos fuzis, do tipo G3, seria para o uso do próprio traficante Rogério 157. A atuação de uma facção criminosa de São Paulo, revelada em operação nesta semana, também aparece no depoimento. O traficante que se entregou disse aos delegados que "durante algum tempo viu alguns paulistas na favela da Rocinha, mas nenhum com envolvimento direto no tráfico armado na comunidade".

Um dos motivos que levaram a testemunha-chave a se entregar foi a dificuldade de se esconder. Segundo a testemunha, é praticamente impossível viver na Rocinha escondido de Rogério. No depoimento, a testemunha conta que "toda a favela da Rocinha é monitorada por câmeras de vídeo a mando do tráfico de drogas local" e também diz que Rogério 157 acompanha toda a movimentação da polícia, pois ele possui um rádio na frequência usada pelas forças de segurança.

A testemunha ouvida pelos investigadores participou diretamente dos tiroteios no interior e nas matas no entorno da Rocinha. O homem contou aos policiais detalhes do cenário que transformou a comunidade num palco de disputa entre facções rivais, incluindo bandidos de áreas distantes, como a Vila Vintém, a 40 quilômetros da Rocinha.

Tudo teria começado após um desentendimento de um traficante conhecido como "Perninha, um dos homens de confiança de Nem, e Rogério 157. Segundo a testemunha, a briga teria acontecido após "Perninha" informar a Rogério 157, por ordem de Nem, o traficante deveria entregar o comando da favela, em razão de cobranças financeiras contra moradores.

Já era de conhecimento dos investigadores que a conduta de Rogério desagradava Nem, que está preso numa cadeia federal de Rondônia. Rogério vinha impondo a cobrança de taxas para o comércio e controlando a venda de gás, água mineral e carvão, entre outras práticas típicas de milicianos.

O Dia dos Pais deste ano marcou o início da Guerra na Rocinha. O depoimento diz que Rogério 157 chamou os traficantes “Perninha”, “99” e “Vasquinho”, aliados de Nem, para uma conversa. A mando de Rogério 157, os traficantes foram executados.

Segundo a testemunha, depois de matar os rivais, Rogério convocou os chefes da facção a que pertencia para dizer que agora era ele quem mandava no morro. Muitos dos chefes não concordaram, dizendo que, mesmo na prisão, Nem ainda era o comandante do tráfico. Com a facção dividida, a guerra na Rocinha se tornou uma questão de tempo.

No dia 17 de setembro, segundo o depoimento da testemunha, Rogério pegou o rádio comunicador da comunidade Rocinha, e afirmou que "os caras" da Vila Vintém e de São Carlos estariam a caminho da Rocinha. Em seguida, ele deu a seguinte ordem: e os "caras" da Vila Vintém e de São Carlos embicassem na rua do valão, era para "mandarem bala".

O cenário anunciado pelo traficante se concretizou. Após a invasão dos traficantes, Rogério reagiu, e com o apoio de um "exército" de aproximadamente 150 homens fortemente armados. Um deles era justamente a testemunha-chave, que contou que naquele momento, o traficante rompeu com a facção criminosa à qual pertencia dizendo que a facção “veio dar tiro na gente" e "não tem mais como sermos da facção". Em seguida, Rogério 157 deu ordem para que todos os comparsas se deslocassem para a mata. Na sexta-feira, dia 22, o confronto se intensificou.

O homem também revelou aos policiais que naquele dia, durante uma operação do Choque e do Bope, juntamente com o Exército, as forças policiais chegaram muito próximo do bando de Rogério 157. No confronto em que a testemunha participou diretamente, um policial foi baleado e nenhum membro do bando de Rogério 157 se feriu.

Acuado, Rogério ordenou que seu grupo fosse ainda para mais longe, para a região do Horto. Membros da quadrilha reclamaram e, segundo a testemunha, dissseram que não poderiam ficar para sempre escondidos na mata.

 

PARCERIA COM ANTIGA FACÇÃO RIVAL

Não demorou para Rogério dar uma nova ordem ao bando. A ordem era seguir até o Morro do Turano, onde Rogério já costurava a aliança com a facção rival. Ali, a testemunha conta que o pacto foi sacramentado quando todas as armas do grupo de Rogerio 157 foram entregues aos traficantes subordinados a “Paulinhozinho do Fallet” e “Galo do Turano".

O acordo garantiu a 157 o comando sobre a Rocinha, que agora passaria estar sob a tutela da mesma facção que controla o tráfico no Turano. Incomodada com a situação, a testemunha-chave ouvida pelos policiais procurou, então, os antigos aliados de Nem, encontrando-os no Morro São Carlos.

O homem explicou que, durante o período que permaneceu no Morro São Carlos, percebeu a movimentação de muitos banidos oriundos da Rocinha na favela, algo em torno de 40 traficantes. Ali, a testemunha disse ter sido ameaçada de morte, por ter ajudado Rogério no começo do confronto.

A testemunha, que agora era alvo das duas facções, decidiu então se entregar, e seu depoimento é considerado fundamental para o prosseguimento das investigações da polícia.

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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: MC TIKÃO, Rocinha, rogério 157, Famosos & TV

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