2023 foi o ano mais quente da história da humanidade e o mais seco em décadas
O ano de 2023, além de ser o mais quente da história, também foi confirmado como o mais seco para os rios do planeta nas últimas três décadas, de acordo com um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado nesta segunda-feira (7). O documento revela uma série de impactos alarmantes das mudanças climáticas, incluindo a maior perda de massa das geleiras em mais de 50 anos, com uma redução de mais de 600 gigatoneladas de água. Foi o segundo ano consecutivo em que todas as regiões glaciais do mundo perderam gelo.
As mudanças climáticas têm acelerado e tornado mais imprevisíveis os ciclos hidrológicos, resultando em sérios prejuízos para populações e ecossistemas. Estima-se que mais de 3,6 bilhões de pessoas enfrentam acesso inadequado à água por pelo menos um mês do ano, e esse número pode chegar a 5 bilhões até 2050.
Enquanto algumas áreas do planeta enfrentaram secas severas e chuvas escassas, outras regiões experimentaram inundações e precipitações acima da média. No Brasil, a Amazônia registrou chuvas abaixo da média, com oito estados sofrendo a menor precipitação em mais de 40 anos entre julho e setembro de 2023. O rio Negro, em Manaus, atingiu seu menor nível em 122 anos, alcançando apenas 12,39 metros em outubro de 2023.
A situação é igualmente crítica em outras partes do mundo. A Argentina viveu, pelo quarto ano consecutivo, uma severa seca que afetou duramente sua economia, com uma redução de 3% no PIB em 2023 devido à falta de chuvas. O Uruguai também enfrentou dificuldades para abastecer grandes cidades, como Montevidéu, devido aos baixos níveis de armazenamento de água.
No outro extremo, as inundações devastaram várias regiões, sendo a África o continente mais afetado. A Líbia, por exemplo, sofreu o colapso de duas barragens, resultando em mais de 11 mil mortes e impactando 22% da população. Outros países africanos, como Moçambique, Maláui, e a República Democrática do Congo, também enfrentaram inundações severas, resultando em mais de 1.600 mortes.
O relatório da OMM alerta que, com o aquecimento global, o ciclo hidrológico está se tornando cada vez mais errático e os extremos hídricos – tanto de seca quanto de enchentes – têm causado um impacto devastador em vidas, ecossistemas e economias ao redor do mundo.
ASSUNTOS: Meio Ambiente