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Pesquisadores descobre que 'primos' da Zika também podem causar microcefalia

Por Portal Do Holanda

01/02/2018 8h05 — em
Saúde e Bem-estar


Foto: Antonio Scorza

WASHINGTON - Sabe-se, desde a epidemia de zika em 2015, que o vírus é capaz de atravessar a placenta de mulheres grávidas e causar deformidades no feto, incluindo a microcefalia — má-formação em que o bebê tem o desenvolvimento cerebral interrompido, nascendo com a cabeça menor do que o normal. Agora, porém, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, constataram que "primos" do vírus da zika, da família flavivírus, também podem gerar essas deformidades congênitas. Segundo o estudo, publicado nesta quarta-feira na "Science Translational Medicine", os mais perigosos são o vírus do Oeste do Nilo e o vírus Powassan.

A pesquisa analisou a atuação de quatro vírus em camundongos grávidas: o chicungunha, o vírus Mayaro, o do Oeste do Nilo e o Powassan. Todos são flavivírus e têm características estruturais muito semelhantes ao vírus da zika. A conclusão da análise foi que, embora todos os quatro tenham atravessado a placenta e se replicado dentro do cérebro fetal, somente o vírus do Oeste do Nilo e o vírus Powassan causaram a morte do feto.

Essa descoberta acende um alerta: é possível que parte dos casos de deformidades congênitas — incluindo microcefalias — atribuídos hoje à zika sejam, na verdade, causados por vírus "parentes".

O próprio histórico da zika indica isso: embora o vírus tenha sido identificado pela primeira vez há mais de 70 anos, sua capacidade de provocar má-formações congênitas não foi observada até a epidemia que atingiu a América do Sul, em especial o Brasil, em 2015. Questionado pelo GLOBO se é possível, então, que no caso de alguma epidemia desses outros vírus, vejamos o nascimento de bebês gravemente afetados por eles, o americano Jonathan Miner, um dos autores do estudo, afirma que sim.

— Pensamos, sim, que é muito possível que outros vírus tenham a mesma capacidade do vírus da zika — diz ele, que é pesquisador do Departamento de Microbiologia Molecular da Universidade de Washington.

No estudo, tanto o vírus do Oeste do Nilo quanto o Powassan se mostraram capazes de, além de atingir fetos de camundongos, replicar suas células virais em amostras de tecidos maternos e fetais de doadores humanos. As gestantes que doaram seus tecidos para a pesquisa eram saudáveis e estavam no segundo trimestre de gravidez, quando acredita-se que é maior o risco de infecções virais.

Com base em suas descobertas, os autores especulam que as infecções por flavivírus em geral podem causar complicações da gravidez com mais frequência do que se acreditava até então.

— A ligação entre a infecção por vírus da zika e a microcefalia em seres humanos já foi estabelecida claramente. Mas o vírus da zika pode não ser único a causar isso, e é plausível que o vírus do Nilo Ocidental, por exemplo, também possa causar microcefalia. Um estudo anterior identificou dois casos de microcefalia em bebês nascidos de mulheres que tiveram infecção pelo vírus do Nilo Ocidental na gravidez, mas este estudo foi muito pequeno para tirar conclusões claras para estabelecer uma relação de causa e efeito. No futuro, estudos maiores podem ajudar a determinar isso — destaca Miner. — Ainda não sabemos o que esperar nos seres humanos. Os dados humanos permanecem muito limitados, em parte porque as infecções por esses vírus ocorreram, até agora, mais esporadicamente. Estudos epidemiológicos maiores são necessários para definir melhor o que ocorre em pacientes humanos.


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ASSUNTOS: microcefalia, vírus, zika, Saúde e Bem-estar

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