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Ataques simultâneos deixam 51 mortos na maior província do Paquistão

Por Folha de São Paulo

26/08/2024 15h45 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ataques de separatistas contra delegacias de polícia, linhas ferroviárias e rodovias no Paquistão deixaram pelo menos 51 pessoas mortas, disseram autoridades locais nesta segunda-feira (26).

O número engloba 39 vítimas dos atentados e 12 combatentes que foram mortos nas operações, de acordo com o governo. Os ataques se deram em pelo menos três distritos da maior e menos populosa província do país -o Baluchistão, região no sudoeste paquistanês que há décadas é palco de conflitos entre balúchis nacionalistas e o Estado.

A província faz fronteira com o Irã e o Afeganistão e registra altos níveis de pobreza apesar de suas enormes reservas de ouro, cobre e gás. A insurgência étnica exige a separação da região, que abriga vários projetos liderados pela China, incluindo um porto estratégico.

"Esses ataques são um plano bem pensado para criar anarquia no Paquistão", disse o Ministro do Interior, Mohsin Naqvi, em um comunicado.

Najibullah Kakar, um funcionário paquistanês de alto escalão, afirmou à agência de notícias AFP que o ataque mais grave ocorreu no distrito de Musakhail, onde mais de 30 homens armados pararam 22 ônibus, caminhões e vans em uma estrada entre Punjab e Baluchistão.

O atentado teria incendiado dez veículos e matado ao menos 23 pessoas. "Os veículos que viajavam de ou para Punjab eram inspecionados e as pessoas de Punjab eram identificadas e baleadas", afirmou ele.

Uma linha ferroviária entre o Paquistão e o Irã e uma ponte ligando Quetta, a capital da província, ao resto do país também foram atingidas com explosivos, disse o funcionário ferroviário Muhammad Kashif à agência de notícias Reuters.

A polícia disse ter encontrado seis corpos ainda não identificados perto do local do ataque à ponte ferroviária, e o tráfego ferroviário com Quetta foi suspenso. Ao mesmo tempo, foram registrados ataques a delegacias de polícia e postos de segurança.

O Exército de Libertação do Baluchistão assumiu a autoria dos atentados em um comunicado enviado por email à imprensa. Trata-se do maior de vários grupos insurgentes étnicos que buscam a independência da região.

Recentemente, centenas de balúchis, muitos deles mulheres, protestaram na capital paquistanesa Islamabad e no Baluchistão por supostos abusos das forças de segurança, incluindo desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais -acusações que o governo paquistanês nega.

Na nota desta segunda, o grupo separatista cita outros ataques, incluindo um em uma importante base paramilitar, embora as autoridades paquistanesas ainda não tenham confirmado essa informação.

Os separatistas costumam ter como alvo trabalhadores da província oriental de Punjab, que eles veem como exploradores de seus recursos. No passado, eles também atacaram cidadãos chineses operando na província -Pequim administra o estratégico porto de águas profundas de Gawadar, no sul do Baluchistão, bem como uma mina de ouro e cobre no oeste. A região é uma parte importante da Iniciativa Cinturão e Rota, projeto de investimento chinês em infraestrutura mundo afora.

Nesta segunda, o grupo disse que seus combatentes tinham como alvo militares viajando em roupas civis, que teriam sido mortos após serem identificados. O Ministério do Interior, no entanto, disse que os mortos eram cidadãos inocentes.

O primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, prometeu que as forças de segurança retaliariam e levariam os responsáveis à justiça.

Comunicado sobre um encontro nesta segunda entre o general Li Qiaoming, comandante das Forças Armadas da China, e Asim Munir, chefe do Exército do Paquistão, não mencionou os ataques. "A reunião proporcionou uma oportunidade para discussões aprofundadas sobre assuntos de interesse mútuo, segurança regional, treinamento militar e medidas para aumentar ainda mais a cooperação bilateral em defesa", diz a nota.


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