Biden se encontra com presidente de Angola em visita que tenta fazer frente à China na África
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encontrou o líder da Angola, João Lourenço, nesta terça-feira (3), no palácio presidencial, em Luanda. Os dois devem discutir questões como cooperação comercial e defesa, em uma tentativa de Washington de fazer frente à presença da China na região.
Angola quer expandir sua colaboração com os americanos em iniciativas militares e de segurança, disse Lourenço. Os dois países devem realizar uma reunião de cooperação no próximo ano sobre segurança cibernética e marítima.
Joe Biden prometeu um compromisso duradouro dos EUA com a África. "Não achamos que temos todas as respostas, mas estamos preparados para ouvir suas respostas às necessidades que vocês têm, especialmente sobre financiamento internacional da dívida", disse ele.
Lourenço elogiou os investimentos de empresas americanas no setor de petróleo e gás de Angola e em vários projetos futuros, como silos de grãos e infraestrutura logística a viagem também promoverá um projeto ferroviário apoiado pelos EUA que visa desviar minerais críticos da China.
"Vamos avançar além das relações da Guerra Fria, quando nem sempre estávamos alinhados, e fazer um ponto de virada nas relações entre os dois países", disse ele, fazendo alusão ao apoio americano a uma das facções armadas na longa guerra civil de Angola, em parte um conflito entre EUA e União Soviética.
Na segunda (2), o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que os EUA não estão pedindo para os países escolherem entre Washington ou Pequim. "Estamos simplesmente procurando oportunidades de investimento confiáveis, sustentáveis e verificáveis nas quais o povo de Angola e o povo do continente possam confiar", afirmou.
Biden planeja fazer um discurso no Museu Nacional da Escravidão, na capital, um local que inclui uma capela do século 17 onde pessoas escravizadas eram batizadas à força antes de serem enviadas às Américas, principalmente para o Brasil, acorrentadas. No total, 4 milhões de angolanos foram sequestrados e escravizados.
Os EUA estão anunciando uma doação de US$ 229 mil (R$ 1,3 milhão) para apoiar a restauração do prédio. Não se espera que Biden fale sobre reparações americanas pelo comércio de escravos durante sua viagem.
A audiência de Biden em Luanda nesta terça deve incluir Wanda Tucker, uma americana que rastreou sua ancestralidade até chegar a angolanos enviados para o que é agora Hampton, no estado americano da Virgínia.
O presidente cumpre a promessa de visitar a África Subsariana naquela que poderá ser a sua última viagem ao exterior antes de deixar o cargo, em janeiro. Ele encerra sua visita a Angola nesta quarta (4) com uma cúpula com líderes da República Democrática do Congo, Tanzânia e Zâmbia.
Antes de embarcar, Biden concedeu perdão ao filho condenado pela Justiça, em ato que livra Hunter Biden da prisão. Criticado por opositores e até correligionários, Biden fez escala em Cabo Verde, onde se encontrou com o premiê do país e, indagado por jornalistas, preferiu não comentar o perdão presidencial. Em seguida, voltou ao Air Force One com destino a Angola.
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