SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O chefe da OMS (Organização Mundial da Saúde) disse neste sábado (28) que escapou por pouco da morte durante bombardeio atribuído a Israel no aeroporto da capital do Iêmen, controlada pelos rebeldes houthis, na quinta-feira (26).

Tedros Adhanom Ghebreyesus, que compartilhou em suas redes sociais um vídeo com imagens captadas por uma câmera de segurança que registram a fuga, disse à BBC que ainda sente zumbidos nos ouvidos desde o ataque, que ocorreu enquanto ele se preparava para embarcar em um avião na cidade de Sanaa.

"O barulho foi ensurdecedor. Já se passaram mais de 24 horas e não sei se afetou minha audição", disse Tedros na entrevista. "A sala de embarque próxima a nós foi atingida, depois a torre de controle. Se o míssil tivesse se desviado um pouco, podia ter caído sobre nós."

Tedros disse ter percebido rapidamente que o aeroporto estava sob ataque. Ao descrever a ação, ele mencionou pessoas "correndo em desordem" pelo local após aproximadamente quatro explosões, uma delas "alarmantemente" perto de onde ele estava sentado na sala de embarque.

"Na verdade, eu não estava certo de que poderia sobreviver porque foi tão perto, a poucos metros de onde estávamos", disse. "Uma leve mudança poderia ter resultado em um acerto direto."

O chefe da OMS afirmou ainda que ele e seus colegas ficaram presos no aeroporto por mais uma hora, enquanto o que ele pensava serem drones sobrevoavam, alimentando a preocupação de que pudessem abrir fogo novamente. Entre os destroços, Tedros afirmou que ele e colegas viram fragmentos de mísseis.

"Não havia abrigo algum. Nada. Então você está apenas exposto, apenas esperando que algo aconteça", disse ele.

O chefe da OMS reiterou que a proteção das instalações civis, prevista no direito internacional, deve ser respeitada. "Não importa se eu estava lá ou não. Esta é uma instalação civil e deve ser protegida, de acordo com o direito internacional", afirmou.

Tedros visitou o Iêmen em nome do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, como parte de uma missão para garantir a libertação de funcionários da ONU detidos e para avaliar a situação sanitária e humanitária no país devastado pela guerra.

Na quinta, Israel anunciou que alvejou "alvos militares" dos rebeldes houthis, incluindo o aeroporto de Sanaa, e argumentou ter respondido aos "repetidos ataques" do grupo insurgente, que nos últimos meses passou a disparar ataques contra o território israelense em solidariedade aos palestinos.

Os houthis, que controlam grande parte do Iêmen, incluindo a capital, são apoiados pelo Irã, inimigo declarado de Israel.