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Convenção republicana reflete culto a Trump; combo de Bíblia e foto pós-atentado é vendido por R$ 410

Por Folha de São Paulo

17/07/2024 16h15 — em
Mundo



MILWAUKEE, EUA (FOLHAPRESS) - A convenção republicana reflete o culto a Donald Trump que tomou conta do partido, indissociável hoje da base "Maga", a sigla em inglês para o slogan "torne a América grande de novo" que batiza os leais apoiadores do empresário.

A imagem do ex-presidente é onipresente: dos outdoors nas vias de acesso ao perímetro de segurança em que ocorre o evento às camisetas, canecas e bonecos vendidos em lojas no Fórum Fiserv e no Centro Baird, em Milwaukee (Wisconsin).

A famosa Bíblia de Trump, uma parceria feita entre o empresário e o cantor country Lee Greenwood, é vendida a US$ 75 (R$ 410) em um combo incluindo um autógrafo do cantor e a já icônica foto do ex-presidente erguendo o punho após a tentativa de assassinato no sábado (13).

O rol de produtos que fazem referência ao empresário é amplo: ursinhos, brincos, broches, bonés, velas, adesivos. Muitos estampam a foto de Trump após ser fichado na Geórgia, parte do processo criminal em que é acusado de tentar reverter a derrota na eleição de 2020. Há itens ligados apenas ao partido, como o elefante que o simboliza, mas em quantidade muito menor.

A reportagem tentou falar com a atendente da loja, localizada no Centro Baird, que concentra a imprensa, mas ela pediu para ser procurada mais tarde porque estava atolada de trabalho -de fato, o caixa nunca dava um respiro.

Uma outra banca de produtos vendia, além de produtos pró-Trump, itens anti-Joe Biden, como um adesivo "hora de ir embora" com a imagem do presidente ao fundo e outro se referindo à primeira-dama, Jill, com um insulto machista.

No meio da pilha, havia ainda um adesivo com a frase "minha governadora é uma idiota", com uma imagem de Gretchen Whitmer -que governa o vizinho Michigan e é uma das cotadas para substituir Biden na chapa democrata caso ele ceda à pressão e se retire da corrida.

Em frente ao Fórum Fiserv, onde está o palco da convenção em que ocorrem os discursos, foi colocado um grande letreiro "Trump 2024". Fotos e frases do ex-presidente estampam os corredores do espaço.

Participantes literalmente vestem a camisa: broches e chapéus de cowboy pipocam onde se olha. De repente, vê-se o homem famoso por usar um terno estampado por tijolos marrons -em referência ao muro com o México, bandeira de Trump em 2016- circulando para lá e para cá.

Mas não se trata apenas de uma questão de imagem. Todo o conteúdo da convenção e seus convidados -e ausências- refletem o domínio de Trump sobre um partido cujo establishment, a princípio, o rejeitava.

Cada um dos quatro dias de evento é voltado para um eixo da campanha. Na segunda, o tema foi "torne a América rica de novo", voltado à economia; na terça, "segura de novo", tratando de imigração e criminalidade; nesta quarta, será "forte de novo", com foco na política exterior; e, finalmente, na quinta (18), "torne a América ótima de novo", que culmina com o discurso de Trump de aceitação da nomeação.

"Eu acho que Trump transformou nosso partido no que ele sempre deveria ter sido, um partido populista enraizado em princípios conservadores", disse o deputado Jim Jordan ao site Politico.

Nomes tradicionais republicanos parecem discordar dessa guinada. Não participam da convenção, por exemplo, Milke Pence, que foi vice de Trump e rompeu relações com o empresário após o fim do mandato; o vice de George W. Bush, Dick Cheney, e sua filha, Liz, uma feroz crítica de Trump, e o senador Mitt Romney, candidato do partido à Casa Branca em 2012 derrotado por Barack Obama.

O senador Mitch McConnell, um dos poucos grandes nomes do establishment que participam do evento, acabou sendo vaiado quando pegou o microfone para anunciar o apoio dos delegados de seu estado, o Kentucky, a Trump.


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