Coreia do Norte diz estar pronta para guerra contra os EUA
PYONGYANG — A Coreia do Norte alertou para um ataque nuclear contra os Estados Unidos, se tiver qualquer sinal de uma ação militar americana. A declaração da mídia estatal veio após Washington enviar porta-aviões à península coreana. O governo norte-coreano advertiu que está preparado para responder com armas, se for necessário.
— A República Democrática Popular da Coreia está preparada para reagir a qualquer forma de guerra desejada pelos Estados Unidos — advertiu Pyongyang, segundo a agência estatal KCNA.
O porta-voz da chancelaria norte-coreana reforçou a ameaça aos EUA:
— Tomaremos as medidas mais severas contra os provocadores para nos defendermos com a poderosa força das armas.
O ataque militar dos EUA na semana passada contra uma base aérea síria, em retaliação ao que Washington e seus aliados dizem ter sido um ataque químico realizado por Damasco, lançou dúvidas sobre como o presidente Donald Trump poderia agir contra o regime norte-coreano.
Em sua conta no Twitter, Trump afirmou, nesta terça-feira, estar pronto para resolver a questão com a Coreia do Norte sem o auxílio da China.
“A Coreia do Norte busca problemas. Se a China decidir ajudar, isso será genial. Se não, resolveremos o problema sem eles!”, escreveu.
Trump parece vincular as negociações comerciais entre as duas principais potências econômicas mundiais à questão norte-coreana:
“Expliquei ao presidente da China que um acordo comercial com os Estados Unidos será muito melhor para eles se resolverem o problema norte-coreano!”.
As tensões entre Washington e Pyongyang se acirraram após o — o porta-aviões “USS Carl Vinson”, dois destróieres e um cruzeiro (todos equipados com mísseis) — para o Oceano Pacífico ocidental de Cingapura, em uma demonstração de força diante das crescentes ameaças do governo norte-coreano.
O Ministério de Relações Exteriores da Rússia disse nesta terça-feira que espera que a reunião agendada em Moscou com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, seja produtiva, mas expressou preocupação com a postura de Washington em relação à Coreia do Norte. Um encontro entre Tillerson e seu homólogo da Rússia, Sergei Lavrov, está programado para quarta-feira.
Na segunda-feira, China e Coreia do Sul concordaram sobre a necessidade de adotar novas medidas contra o regime norte-coreano em caso de um teste nuclear. Trump já ameaçou adotar ações de forma unilateral contra Pyongyang se Pequim não conseguir deter o programa nuclear do país vizinho.
As especulações sobre um iminente teste nuclear crescem com a proximidade do sábado, dia do 105º aniversário do nascimento do líder fundador da república norte-coreana. Essa data costuma ser celebrada com uma demonstração militar. Semana passada, a no Mar do Japão.
— Concordamos que devem ser adotadas duras medidas adicionais, baseadas nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, se o Norte seguir adiante com um teste nuclear ou o lançamento de um míssil balístico intercontinental, apesar das advertências da comunidade internacional — declarou Kim Hong-kyun, enviado de Seul para questões nucleares, após uma reunião na capital sul-coreana com o representante chinês para o tema, Wu Dawei.
O encontro aconteceu pouco depois de Trump ter recebido o presidente chinês Xi Jinping para uma reunião durante a qual pressionou Pequim a atuar para conter as ambições nucleares norte-coreanas.
Segundo analistas, um ataque de curto alcance dos Estados Unidos contra a Coreia do Norte poderia ser efetivo, mas também poderia colocar em risco a vida de muitos civis na Coreia do Sul e iniciar um grande conflito militar.
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