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Coreia do Norte faz teste de míssil durante visita de Blinken a Seul e provoca EUA

Por Folha de São Paulo

06/01/2025 12h00 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Coreia do Norte realizou, nesta segunda-feira (6), seu primeiro teste de mísseis do ano. A ação foi uma provocação aos Estados Unidos, cujo chefe da diplomacia, Antony Blinken, visitava Seul no momento do disparo.

De acordo com o Exército sul-coreano, o projétil era provavelmente um míssil balístico de alcance intermediário. Ele foi lançado por volta do 12h do horário local (0h em Brasília) e atravessou mais de 1.100 km antes de cair no mar. Foi o primeiro teste de mísseis de Pyongyang desde 5 de novembro do ano passado, quando o regime comunista disparou pelo menos sete mísseis balísticos de curto alcance.

Falando a jornalistas algumas horas depois do lançamento, Blinken afirmou que ele era

"apenas um lembrete de como é importante o nosso trabalho colaborativo". Ele fazia referência à cooperação militar entre EUA, Coreia do Sul e Japão frente aos avanços da Coreia do Norte e da China, aprofundada durante o governo Joe Biden e agora ameaçada com a chegada de Donald Trump ao poder.

A parceria entre Seul e Tóquio foi por muito tempo considerada impensável devido aos traumas da ocupação da península coreana pelos japoneses entre 1910 e 1945. Estima-se que cerca de 780 mil sul-coreanos tenham realizado trabalho forçado no período, e que 200 mil mulheres e meninas tenham sido obrigadas a se prostituir.

O presidente sul-coreano afastado, Yoon Suk Yeol, fez da restauração dos laços com o país vizinho uma das prioridades de sua gestão. Mas o colapso de seu governo no início de dezembro pôs em risco a iniciativa, já bastante impopular —a oposição é contrária a ela, e se o presidente for removido permanentemente do cargo, são grandes as chances de que as eleições convocadas em seguida sejam vencidas por um crítico à colaboração entre os países.

Yoon sofreu um impeachment no mês passado, depois de promover uma tentativa de autogolpe ao declarar lei marcial e, com isso, suspender os direitos políticos do país. A confirmação do impeachment depende agora da Corte Constitucional, órgão máximo da Justiça do país.

A mesma declaração de lei marcial fez do presidente alvo de uma investigação criminal paralela. Yoon é acusado de insurreição e abuso de poder, e recebeu uma ordem de prisão ao se recusar a prestar depoimento sobre o caso.

Polícia e agentes do gabinete anticorrupção tentaram executar a medida na sexta-feira (3), mas desistiram depois de passarem seis horas enfrentando, sem sucesso, a guarda presidencial e os apoiadores do líder em volta da residência oficial.

O prazo de cumprimento da ordem expira nesta segunda, às 0h do horário local (12h em Brasília). Investigadores prometeram pedir uma extensão dela e, segundo a agência de notícias Yonhap, a polícia avalia prender membros das forças de segurança do presidente se elas continuarem a bloquear a entrada da residência na próxima vez em que o mandado de prisão for executado.

Ainda nesta segunda, a Procuradoria-Geral sul-coreana indiciou o comandante da Defesa responsável pelo setor de inteligência por seu papel na tentativa de autogolpe.

Blinken, que se reuniu com o presidente interino da Coreia do Sul, Choi Sang-mok, em Seul, comentou a turbulência política do país asiático durante a sua viagem. Ele disse que, embora Washington tivesse "sérias preocupações" sobre as ações de Yoon, também tinha confiança nas instituições do país e na resiliência da democracia.

"A resposta que vimos, e que esperamos continuar a ver, é uma resposta pacífica e totalmente consistente e de acordo com a Constituição e o Estado de Direito."


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