EUA impedem Mahmoud Khalil de acompanhar nascimento do primeiro filho
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Autoridades dos Estados Unidos negaram permissão para que o ativista pró-Palestina Mahmoud Khalil, detido desde março, pudesse acompanhar o nascimento do seu primeiro filho, ocorrido nesta segunda-feira (21) em um hospital de Nova York, de acordo com o jornal The New York Times.

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Khalil soube do nascimento pelo telefone, segundo a publicação. Ele continua detido a mais de 1.600 km de distância, em Jena, no estado de Louisiana, e não se sabe quando poderá ver o filho pela primeira vez.
Ex-aluno da Universidade Columbia e de origem palestina, Khalil foi preso por autoridades imigratórias em 8 de março. O caso se tornou um dos mais emblemáticos da repressão a manifestações pró-Palestina nos EUA, intensificada sob o governo de Donald Trump, e é criticado por grupos que atuam com direitos humanos e que o descrevem como um ataque à liberdade de expressão e ao devido processo legal.
Os advogados de Khalil apresentaram às autoridades várias propostas para que o ativista pudesse acompanhar o nascimento, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e outras formas de monitoramento durante a viagem, ainda segundo o New York Times. Mas o esforço teria sido em vão.
"Uma licença de duas semanas, neste caso de detenção civil, seria tanto razoável quanto humana para que ambos os pais possam estar presentes no nascimento do primeiro filho", escreveram os advogados.
A defesa argumenta que a autorização devia ter sido concedida uma vez que a Justiça não concluiu que Khalil representa risco à sociedade ou encontrou indícios de que ele poderia fugir.
Khalil é casado com uma cidadã americana. A mulher e o bebê estão saudáveis, segundo um dos advogados do ativista. Em nota, ela disse que a ausência do marido provocou sofrimento.
"O governo Trump roubou esse momento precioso da nossa família numa tentativa de silenciar o apoio de Mahmoud à liberdade palestina", escreveu ela. "Foi uma decisão proposital para fazer com que eu, Mahmoud e nosso filho sofrêssemos."
Trump prometeu deportar ativistas pró-palestinos que participaram de protestos em campi universitários americanos contra a guerra de Israel em Gaza. Segundo o republicano, muitos dos manifestantes são antissemitas e apoiam grupos terroristas.
Os campi nos EUA, incluindo o de Columbia, foram abalados por protestos estudantis contra a guerra em Gaza após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023. Algumas dessas manifestações geraram acusações de antissemitismo e se tornaram violentas, com ocupações de prédios no campus e confrontos entre estudantes contra e a favor das ações de Israel.
Manifestantes pró-Palestina dizem que suas críticas às ações israelenses em Gaza são erroneamente confundidas com antissemitismo. Numa carta divulgada em março, Khalil diz ser um prisioneiro político e afirma que sua detenção é um indicativo de "racismo antipalestino".
No último dia 11, uma juíza de imigração determinou que Khalil pode ser deportado dos EUA apesar de ser portador de um green card. Ela concordou com o argumento do governo Trump de que, embora não seja acusado de cometer crimes, o ativista é um risco à segurança nacional dos EUA em razão de suas opiniões sobre Israel.

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