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George Santos, ex-deputado dos EUA, é sentenciado a mais de sete anos de prisão

Por Folha de São Paulo

25/04/2025 20h15 — em
Mundo


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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um juiz federal dos Estados Unidos sentenciou o ex-congressista George Santos a mais de sete anos de prisão nesta sexta-feira (25). Santos, 36, filho de brasileiros, é o sexto deputado a ser expulso do Congresso americano na história.

O político se declarou culpado no ano passado por fraude eletrônica e roubo de identidade agravado, além de admitir uma série de outras fraudes e enganações. Reconheceu que mentiu ao Congresso, recebeu indevidamente seguro-desemprego e enganou doadores de campanha para conseguir centenas de milhares de dólares.

Promotores do Distrito Leste de Nova York pediram uma sentença de 87 meses, argumentando que isso refletiria "a gravidade de seus crimes sem precedentes". Já os advogados de defesa pediram a pena mínima prevista para o crime de roubo de identidade agravado: dois anos de prisão, seguidos por liberdade condicional.

Na quarta-feira (23), Santos disse que estava "totalmente resignado" e previa uma condenação de 87 meses de prisão. "Vim a este mundo sozinho. Vou lidar com isso sozinho, e vou sair sozinho", declarou.

Como parte do acordo, Santos assumiu a responsabilidade em tribunal e prometeu restituir US$ 373,7 mil (cerca de R$ 2,12 milhões). Após a audiência, disse a jornalistas que assumia total responsabilidade por suas ações, que classificou como "antiéticas e culpadas".

Mas, nos meses seguintes, teve dificuldade em manter essa postura de arrependimento. Pressionado a devolver o dinheiro às vítimas e a financiar sua defesa, tentou monetizar sua fama vendendo vídeos personalizados no site Cameo.

Em dezembro, lançou seu podcast, "Pants on Fire" (calças em chama, na tradução livre), em alusão às suas mentiras sobre educação, carreira e até sobre jogar vôlei. Usou tênis Ferragamo brilhantes no evento de lançamento e brincou comparando a cobertura midiática ao alvoroço em torno das visitas da princesa Diana a Nova York.

Sua sentença havia sido adiada pela Justiça americana em janeiro com base em um pedido para continuar seu podcast, e, assim, ajudar a ter recursos para pagar mais de meio milhão de dólares que deve. "Dizem: ‘Ah, ele não se arrepende’. O que isso quer dizer? Eu deveria me encolher em posição fetal e ficar assim para sempre?", disse em um episódio.

Após isso, publicou uma série de mensagens no X atacando o Departamento de Justiça e falando de uma "cabala de pedófilos" no governo. Também negou ter desviado fundos de campanha -contrariando sua própria confissão judicial.

A resposta provocou uma nova carta dos promotores, que chamaram sua conduta de oposta ao arrependimento que ele alegava. Santos rebateu, dizendo que os promotores tentavam tirar seu direito à liberdade de expressão. "O vermelho, branco e azul corre nas minhas veias muito antes da tinta de qualquer acordo de [admissão de] culpa", escreveu ele ao juiz.

Santos afirmou que não pretende pedir perdão nem tratamento especial de Trump e do Departamento de Justiça. "O presidente conhece minha situação. Não é segredo", disse. "Se ele achar que mereço qualquer clemência que esteja ao alcance dele, pode ir em frente. Mas pedir perdão seria negar responsabilidade."

Ainda assim, em um episódio do podcast, ao ser questionado se pediria perdão presidencial caso enfrentasse anos na prisão, Santos foi bem mais direto. "Pode apostar sua doce bunda que sim", respondeu ele com um sorriso.

Santos continua firme defensor de Trump, apoiando seu governo e suas nomeações sempre que pode. Apesar de Trump já ter concedido perdão a traficantes de drogas, criminosos do colarinho branco e quase 1.600 participantes do ataque de 6 de janeiro, até o momento não há indícios de que ele pretenda estender esse gesto a Santos.


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