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Harvard processa governo Trump para barrar corte bilionário no financiamento

Por Folha de São Paulo

21/04/2025 19h45 — em
Mundo


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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Universidade Harvard processou nesta segunda-feira (21) o governo de Donald Trump numa tentativa de barrar o corte anunciado pelo republicano de US$ 2,2 bilhões (cerca de R$ 12,8 bilhões) no financiamento à instituição.

"Durante a última semana, o governo federal tomou várias ações após a recusa de Harvard em cumprir suas demandas ilegais", escreveu o reitor da universidade, Alan Garber, em comunicado. "Entramos com uma ação, agora há pouco, para interromper o congelamento do financiamento porque [a medida] é ilegal e vai além da autoridade do governo."

Entre os departamentos do governo mencionados na ação movida por Harvard estão de Educação, Saúde, Justiça, Energia e a Administração de Serviços Gerais. Procurado pela agência de notícias Reuters, o governo Trump não se pronunciou.

Segundo reportagem do Wall Street Journal publicada no domingo (20), o governo avalia cortar mais US$ 1 bilhão no financiamento à instituição. A ameaça ocorre em meio à escalada de ataques feitos pelo presidente contra instituições acadêmicas. De acordo com a publicação, o corte impactaria a verba federal destinada a pesquisas na área da saúde.

Pessoas familiarizadas com o assunto disseram ao jornal que a Casa Branca ficou furiosa após gestores de Harvard tornarem pública uma carta enviada em 11 de abril na qual o governo lista suas exigências para manter o financiamento da instituição.

A carta foi enviada antes que funcionários do Executivo pudessem aprová-la ou autorizar sua divulgação, de acordo com o The New York Times.

Três dias após o recebimento do documento, Harvard rejeitou as exigências, argumentando que cumprir as medidas implicaria ceder ao governo federal o controle sobre processos de contratação, admissões e diretrizes acadêmicas da universidade.

"A universidade não renunciará a sua independência nem abrirá mão de seus direitos constitucionais. As demandas do governo vão além do poder da gestão federal", afirmou Garber na ocasião.

Posteriormente, o governo Trump congelou US$ 2,2 bilhões em financiamento para Harvard, além de ameaçar retirar o status de isenção fiscal e a permissão da universidade para matricular estudantes estrangeiros.

O governo também exigiu informações sobre vínculos estrangeiros da universidade, bem como de seus alunos e professores.

Desde sua posse em janeiro, Trump tem pressionado as principais universidades dos EUA, afirmando que as instituições lidaram mal com os protestos pró-Palestina do ano passado e acusando-as de terem permitido que o antissemitismo se espalhasse nos campi.

Manifestantes, incluindo alguns grupos judeus, dizem que suas críticas às ações de Israel em Gaza estão sendo equivocadamente confundidas com antissemitismo.

A Universidade Columbia foi um dos primeiros alvos, mas, nas últimas semanas, o foco se voltou para Harvard, onde o governo tenta supervisionar alunos, professores e o currículo, numa aparente tentativa de conter o que considera ser o viés liberal da instituição.

Ao contrário de Harvard, a Columbia, foco dos protestos pró-Palestina no país, cedeu em parte à pressão do republicano e aceitou uma série de demandas relativas ao controle do campus, como a autorização para detenções dentro dos limites da universidade e a intervenção na gestão do departamento de estudos sobre Oriente Médio, retirando o órgão do controle docente.

A instituição foi duramente criticada no meio acadêmico por essa decisão -críticos dizem que ela só encoraja o governo a ampliar seus ataques.


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