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Idosa agredida na Argentina aciona Justiça contra ministra de Segurança

Por Folha de São Paulo

17/03/2025 11h00 — em
Mundo


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CAMPINAS, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Advogado da idosa agredida durante um protesto de aposentados em Buenos Aires entrou com uma ação contra a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, e os responsáveis pelo operativo policial. Beatriz Blanco, 87, sofreu um traumatismo craniano e perdeu a consciência durante a manifestação.

Beatriz Blanco participava de uma manifestação pacífica de aposentados na quarta-feira (12) quando foi atingida por um golpe de cassetete na cabeça. O momento foi registrado por um manifestante e rapidamente viralizou.

A idosa desmaiou no local e foi socorrida por outros manifestantes. Ela foi levada inicialmente ao Hospital Médico Policial Churruca Visca, mas, segundo seu advogado, Adrián Albor, não recebeu atendimento adequado no local. Posteriormente, foi transferida para o Hospital Argerich, onde foi diagnosticada com traumatismo craniano.

Beatriz apresentou uma denúncia formal contra a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, e os responsáveis pelo operativo policial. A ação judicial acusa os envolvidos de lesões leves agravadas e abuso de autoridade.

"Isso transcende todos os padrões em matéria de direitos humanos", disse Albor.

Patricia Bullrich defendeu a ação policial e chegou a chamar Beatriz de "jubilada patotera e pegapalos". No entanto, o vídeo mostra que Beatriz estava pacífica no momento da agressão.

Juan Marino, militante e fundador do Partido Piquetero e da Unidade Piquetera, visitou Beatriz Blanco após o incidente. Em suas redes sociais, ele relatou que a idosa, de 81 anos, recebeu alta do Hospital Argerich, mas ainda sente dores fortes na cabeça.

CONTEXTO DO PROTESTO

Manifestação em Buenos Aires reuniu aposentados, torcidas organizadas e sindicatos. O protesto era contra os cortes nos benefícios previdenciários e a suspensão da cobertura de medicamentos imposta pelo governo de Javier Milei.

Nos últimos meses, os atos passaram a ser duramente reprimidos pela polícia, que tem utilizado gás lacrimogêneo e força física contra os manifestantes idosos. No protesto desta quarta-feira, a adesão foi significativamente maior, impulsionada pelo apoio de torcidas organizadas de cerca de 30 clubes de futebol.

A ação policial incluiu o uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos d'água, resultando em diversos feridos e indignação popular. Durante os confrontos, manifestantes incendiaram uma viatura policial e uma motocicleta, além de vandalizarem sete veículos da Secretaria de Segurança de Buenos Aires.

Além de Beatriz Bianco, o fotógrafo Pablo Grillo, de 35 anos, que cobria o evento, foi atingido na cabeça por um cartucho de gás lacrimogêneo. Ele passou por uma cirurgia de emergência e permanece internado em estado grave na UTI.

Na madrugada seguinte, a Justiça de Buenos Aires determinou a libertação de 114 dos 124 manifestantes detidos. A juíza Karina Andrade, em decisão divulgada pelo jornal Clarín, argumentou que as prisões violavam direitos constitucionais, como a liberdade de expressão e o direito ao protesto.

O balanço oficial registrou 53 feridos, incluindo manifestantes, policiais e jornalistas. O governo de Buenos Aires calculou os prejuízos materiais em aproximadamente 275 milhões de pesos (cerca de R$ 1,5 milhão).


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