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Índia e Paquistão agravam crise diplomática com expulsão mútua de cidadãos

Por Folha de São Paulo

24/04/2025 21h00 — em
Mundo


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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério das Relações Exteriores da Índia emitiu nesta quinta-feira (24) uma determinação que suspende os vistos de cidadãos paquistaneses em território indiano e ordena que eles saiam do país até o próximo domingo (27).

Há uma exceção parcial para os portadores de vistos médicos, que terão até terça-feira (29) para deixar o país, e uma mais ampla para os paquistaneses que já tinham uma permissão especial por serem hindus, religião majoritária na Índia.

O Paquistão, por sua vez, reagiu com medida semelhante, dando aos cidadãos indianos em seu território o prazo de 48 horas para deixar o país. Um dia antes, Islamabad afirmou que rejeita veementemente o anúncio da Índia de suspender unilateralmente o Tratado das Águas do Indo, acordo que regula o uso compartilhado do rio entre as duas nações desde 1960. Horas depois, anunciou a própria suspensão do tratado.

O governo paquistanês também fechou seu espaço aéreo para companhias aéreas indianas e rejeitou a suspensão de Nova Déli do tratado de compartilhamento de águas. Essa decisão indiana ocorreu em resposta a um ataque terrorista na parte da Caxemira sob controle indiano que matou 26 turistas na terça (22).

A polícia indiana acredita que o ataque tenha sido cometido por cidadãos do Paquistão e divulgou avisos com os nomes de três suspeitos, dois deles de nacionalidade paquistanesa. Até agora, porém, Nova Déli não apresentou provas dessas ligações nem divulgou mais detalhes sobre a investigação. Na quarta-feira (23), a Índia fechou a única passagem terrestre que liga os dois países.

Em nota oficial, o governo paquistanês declarou que qualquer tentativa de interromper ou desviar o fluxo das águas atribuídas ao Paquistão, ou de usurpar os direitos de um país ribeirinho situado a jusante, será considerada um ato de guerra.

Mais tarde, o ministro da Defesa do Paquistão elevou o grau de tensão ao afirmar, sem apresentar provas, que tem informações sobre planos da Índia de cometer ataques terroristas em diferentes cidades paquistanesas. "Se a Índia conduzir ataques, será olho por olho, e vamos fazê-los pagar por isso", declarou, em tom de ameaça.

Assim como a Índia, o Paquistão reivindica as partes da Caxemira, sob controle dos dois países. "Qualquer ameaça à soberania do país e à segurança de seu povo será enfrentada com firmes medidas recíprocas em todos os domínios", afirmou o comunicado paquistanês.

O Tratado do Indo, mediado pelo Banco Mundial, é um dos principais pilares da gestão de recursos hídricos na região e já sobreviveu a diversos períodos de tensão entre Índia e Paquistão. A escalada atual eleva o risco de instabilidade em uma das fronteiras mais sensíveis da Ásia.

O acordo havia sobrevivido a duas guerras entre os rivais e resistido a muitas reviravoltas nas relações diplomáticas antes da decisão de Nova Déli na quarta.

Os vizinhos armados com armas nucleares discordam sobre o uso da água dos rios que fluem da Índia para a bacia do rio Indo no Paquistão.

O acordo dividiu o Indo e seus afluentes entre os dois países e regulamentou o compartilhamento de água. A Índia recebeu o uso da água de três rios orientais -Sutlej, Beas e Ravi-, enquanto o Paquistão recebeu a maior parte dos três rios ocidentais -Indo, Jhelum e Chenab.

Não há disposição no tratado para que qualquer país suspenda ou rescinda unilateralmente o pacto, que possui sistemas claros de resolução de disputas.


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