Indicado de Trump para Defesa foi acusado de assédio e ficava bêbado no trabalho, diz revista
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Escolhido por Donald Trump para comandar o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth teve de renunciar a cargos de liderança, ao longo de sua carreira, devido a uma série de acusações que incluem má gestão financeira, comportamentos sexistas, além de embriaguez em eventos sociais de trabalho, de acordo com reportagem publicada pela revista americana The New Yorker.
As revelações aumentam a pressão relacionada à nomeação de Hegseth, que já enfrenta acusação de agressão sexual feita por uma mulher da Califórnia. A indicação dele é considerada arriscada e tem chances de ser rejeitada pelo Congresso, que precisa sabatinar os indicados por Trump e confirmá-los.
Segundo a New Yorker, que obteve documentos e menciona relatos de ex-colegas, Hegseth foi forçado a renunciar ao posto de chefia de duas organizações de advocacia sem fins lucrativos -a Concerned Veterans for America e a Veterans for Freedom,
Em relação à primeira, a reportagem menciona um relatório que o descreve em constante estado de embriaguez. Segundo o documento, Hegseth teve de ser retirado de vários eventos da organização devido à falta de sobriedade. Também destaca um episódio em que ele estava bêbado e teve de ser contido ao tentar subir no palco para se juntar as dançarinas de um clube de striptease para onde ele havia levado sua equipe.
Ainda segundo a revista americana, o relatório também diz que Hegseth, que era casado na época, assediava funcionárias da organização, cujo ambiente teria se tornado hostil na visão dos funcionários. O escolhido de Trump, que foi presidente da Concerned Veterans for America de 2013 a 2016, também teria ignorado acusações sérias de impropriedade.
Outro episódio mencionado no relatório teria ocorrido em 2015, quando Hegseth foi encontrado bêbado em um bar, nas primeiras horas da manhã, gritando mensagens de ódio que incluíam "Mate todos os muçulmanos". A Concerned Veterans for America teria instituído uma política de zero álcool em seus eventos, que foi revogada pelo ex-militar posteriormente.
Tim Parlatore, advogado de Hegseth, disse à The New Yorker que as acusações são absurdas e feitas por "alguém mesquinho e com inveja".
Hegseth é veterano da Guarda Nacional, força de reserva do Exército americano e, de acordo com a biografia publicada em seu site pessoal, esteve no Afeganistão, no Iraque e na Baía de Guantánamo, em Cuba. Ele é um dos apresentadores do programa "Fox & Friends", um dos favoritos de Trump, e trabalha na emissora conservadora desde 2014.
Apesar do histórico militar, Hegseth é uma escolha pouco ortodoxa para o cargo -com a patente de major, está longe do topo da carreira, nunca esteve à frente de nenhum órgão público, e seu envolvimento com questões militares nos últimos dez anos tem sido como comentarista na mídia.
Por outro lado, é um apoiador ferrenho de Trump e defendeu as decisões do republicano de reduzir o envolvimento americano em conflitos ao redor do mundo, além de ser um defensor enérgico de militares dos EUA acusados de crimes de guerra.
"Pete é resiliente, inteligente e acredita verdadeiramente no 'America first' (EUA em primeiro lugar). Com ele no comando, os inimigos dos EUA estão avisados -nosso Exército será grande Novamente, e os EUA nunca recuarão", disse Trump, em comunicado, ao anunciar a escolha de Hegseth para a pasta da Defesa, a maior agência do governo federal.
Caso a nomeação seja aprovada, Hegseth será responsável por comandar o Pentágono e por supervisionar 1,3 milhão de soldados americanos na ativa.
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