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Israel não libera corpo de brasileiro morto em prisão e família faz apelo

Por Folha de São Paulo

28/04/2025 10h45 — em
Mundo


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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O governo de Israel ainda não liberou o corpo do brasileiro-palestino Walid Khaled Abdallah, de 17 anos, que morreu em uma prisão israelense no mês passado. Em meio ao impasse, a família de Walid recorreu ao governo brasileiro para ter acesso ao corpo do adolescente e sepultá-lo.

Walid morreu em março na prisão de Megido — a data exata do óbito, no entanto, não foi confirmada por Israel. Autópsia realizada pelas autoridades israelenses apontou que o óbito do jovem foi decorrente de um quadro de desnutrição extrema, desidratação e sarna. O laudo foi obtido por advogados que atuam na tentativa de liberar o corpo do brasileiro.

Adolescente, que morava na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel, estava preso desde setembro do ano passado. Na época, ele foi levado sob custódia por, supostamente, atirar pedras em soldados israelenses, de acordo com os familiares de Walid.

Na época da divulgação da morte, o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, cobrou explicações de Israel. No entanto, a gestão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não respondeu aos questionamentos.

Em meio ao impasse, o pai do adolescente voltou a apelar ao governo brasileiro para tentar a liberação do corpo de seu filho. Khaled Ahmad disse em entrevista à GloboNews que toda sua família vivencia "uma tristeza profunda" e "uma dor enorme" desde a morte do adolescente.

Israel não responde aos questionamentos da família, nem dá uma justificativa sobre o porquê de não liberar o corpo, afirma Khaled. "Gostaria de fazer um apelo ao presidente do Brasil para que nos ajude a conseguir a liberação do corpo do nosso filho, para que possamos sepultá-lo de acordo com os ritos islâmicos. Acredito que ele possa nos ajudar, pois é um grande presidente de um grande país".

Pelo menos outros 11 brasileiros que vivem em territórios ocupados por Israel seguem mantidos em prisões do estado judeu. De acordo com o Itamaraty, muitos desses detentos não foram acusados ou julgados formalmente, em uma "clara violação ao Direito Internacional Humanitário". Walid, por exemplo, morreu sem ter passado por um julgamento e sem direito à defesa.

Itamaraty diz que tem prestado "a assistência consular cabível". "O governo brasileiro solidariza-se com os familiares e amigos do nacional e transmite sinceras condolências, ao tempo em que continuará a exigir do governo de Israel as explicações necessárias acerca da morte do menor".

Relação entre os governos brasileiro e israelense não é amistosa. O presidente Lula defende o fim da guerra em Gaza e a construção de um estado palestino livre. Israel, por sua vez, é contra que a Palestina seja considerada um estado.

Lula lamentou a morte de Walid. "Nós estamos vendo com muita seriedade o fim do cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde muitas pessoas já foram mortas. E essa semana nós tivemos a tristeza de ver [a morte de] um brasileiro que foi preso na prisão em Israel", disse o petista no mês passado.


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