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Israel treina ataque aéreo de longa distância contra o Irã

Por Folha de São Paulo

16/08/2024 12h00 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No balé mortífero do conflito em ebulição no Oriente Médio, Israel apresentou uma pouco sutil peça nesta sexta-feira (16): divulgou imagens de um exercício de reabastecimento aéreo "simulando voos de longa distância bem atrás das linhas inimigas".

Desnecessário dizer o destinatário da exibição: o Irã, país que promete um ataque a Israel desde que o líder do grupo terrorista palestino Hamas foi morto em sua capital, Teerã, no dia 31 de julho.

O recado foi dado enquanto a diplomacia tenta evitar a ação, com o avanço de conversas entre mediadores do conflito na Faixa de Gaza, iniciado quando o Hamas atacou o Estado judeu em 7 de outubro do ano passado.

Os palestinos são apoiados por Teerã. Como há riscos existenciais para o regime dos aiatolás no caso de uma guerra aberta contra Israel e, provavelmente, os Estados Unidos, a retórica inflamada tem ocultado movimentos para conter ao máximo o risco de uma escalada.

Isso poderia se dar de forma arriscada, com um ataque em menor escala, ou com a carta que está na mesa agora nas negociações no Qatar: um cessar-fogo na guerra que os palestinos dizem já ter matado 40 mil pessoas em Gaza. Autoridades iranianas já sugeriram, informalmente, que se isso ocorrer podem repensar a anunciada retaliação.

Seria uma forma de salvar a imagem do governo ante sua linha-dura e, ao mesmo tempo, evitar tanto uma guerra ampla quanto uma tréplica israelense contra instalações da joia da coroa dos aiatolás, o seu programa nuclear.

Aí entra o vídeo divulgado nesta sexta pelas Forças de Defesa de Israel, no qual foi treinado o reabastecimento de várias aeronaves em um curto espaço de tempo, algo vital numa missão contra alvos de longa distância.

Participaram da ação, em algum ponto sobre Israel, os dois modelos de caças que seriam empregados num ataque ao Irã: o F-15 Baz e o F-35 Adir, este um avião de quinta geração com características furtivas ao radar, ambos em suas versões customizadas para os israelenses.

Nas imagens, é possível ver oito aparelhos em formação e se reabastecendo na sonda de um avião-tanque Ram, um Boeing-707 adaptado para a função.

São os mesmos aviões que foram empregados numa missão de longa distância contra os rebeldes pró-Irã houthis do Iêmen, no mês passado. Após terem lançado com sucesso um drone contra Tel Aviv, matando uma pessoa, os houthis viram Israel reataliar com um ataque maciço contra seu principal porto, em Hodeidah.

A ação foi celebrada pelo premiê Binyamin Netanyahu, ao lado da morte de um chefe militar do Hamas e do comandante operacional do libanês Hezbollah, outro aliado do Irã, como prova de que o Estado judeu está pronto para atacar qualquer rival na região.

O ataque aos houthis foi coberto por aviões-tanque, e ocorreu a uma distância de mais de 2.000 km. No caso de um bombardeio a Isfahan, a cidade iraniana que concentra instalações nucleares, são cerca de 1.500 km de voo em linha reta partindo da base dos F-35 no deserto de Negev, em Nevatim.

O Irã havia dado o seu recado com um teste de mísseis na semana passada na região oeste do país, mas é incerto qual tipo de ataque irá escolher se resolver ir em frente. O Hezbollah já disse que irá participar e, se nada acontecer, fará algo sozinho. Os houthis, por sua vez, disseram estar prontos.

Do ponto de vista de projeção, os iranianos têm um grande arsenal de mísseis e drones, mas ele foi insuficiente ante a defesa coordenada de Israel, EUA e outros aliados contra o único ataque direto feito ao Estado judeu na história, em abril deste ano.

Já Israel conta com a mais potente Força Aérea da região, com 310 caças e aviões de ataque, além de 10 modelos de reabastecimento aéreo. Nesta semana, os EUA liberaram a venda de até 50 F-15 de nova geração para o Estado judeu, além de outros equipamentos, um negócio de mais de R$ 100 bilhões se concretizado.

Washington, por sua vez, tenta pressionar o Irã com o envio de mais forças navais para a região, como um porta-aviões e um submarino nuclear de ataque.


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