O premiê canadense Justin Trudeau anunciou sua renúncia ao cargo e à liderança do Partido Liberal nesta segunda-feira (6). Ele permanecerá no posto até que um substituto seja escolhido pelo partido, em meio a uma grave crise política e econômica no país. Trudeau justificou a decisão alegando que sua continuidade poderia prejudicar as chances eleitorais dos liberais nas eleições legislativas marcadas para outubro. A suspensão das atividades do Parlamento até março também foi anunciada, estratégia vista como uma tentativa de conter uma moção de desconfiança planejada pela oposição.

A crise se agravou com a renúncia da vice-primeira-ministra Chrystia Freeland, em dezembro, após divergências sobre a resposta ao anúncio de tarifas de até 25% nos produtos canadenses pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump. A saída de Freeland, somada ao aumento do custo de vida e à perda de popularidade do governo, colocou Trudeau sob pressão intensa, inclusive de dentro do Partido Liberal. Dados recentes revelaram um déficit fiscal de US$ 43,4 bilhões, superando as expectativas negativas.

No poder desde 2015, Trudeau enfrentou um desgaste progressivo em sua imagem, passando de uma liderança carismática para alvo de críticas por questões econômicas e sociais. Ele citou arrependimentos sobre sua gestão, como a falta de reforma no sistema eleitoral, e pediu união para enfrentar os desafios futuros. Analistas avaliam que o movimento de renúncia é uma tentativa de evitar que o Partido Conservador, atualmente liderando as pesquisas, aproveite a instabilidade para garantir uma vitória nas eleições.