Lula quer homenagear trajetória de Biden em reunião com americano no Rio
SÃO PAULO, SP E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai promover uma reunião bilateral estendida, que pode começar com um almoço, com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para marcar a despedida do democrata do cenário internacional.
A reunião ocorrerá às margens da cúpula do G20, nesta terça-feira (19), no Rio. A ideia é que a reunião seja um gesto de reconhecimento do papel de Biden na defesa da democracia.
O Planalto vê traços comuns na trajetória de Lula e Biden -os dois líderes chegaram ao poder após derrotarem a extrema direita e enfrentarem acusações falsas de fraude eleitoral. Biden derrotou Donald Trump na eleição presidencial americana em 2020, mas o republicano não reconheceu o resultado e incentivou seus apoiadores a contestarem o pleito. O movimento de acusações infundadas de fraude eleitoral culminou na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, que deixou cinco mortos.
No Brasil, o então presidente Jair Bolsonaro não admitiu a derrota para Lula na eleição de 2022 e incitou seus apoiadores a contestarem o resultado. Em 8 de janeiro de 2023, bolsonaristas vandalizaram o Congresso Nacional, Planalto e Supremo Tribunal Federal, pedindo intervenção militar.
Lula e Biden tiveram bom relacionamento ao longo do mandato. Os dois tinham muitas afinidades, em especial a proximidade com o movimento sindical.
A cúpula do G20 será um dos últimos compromissos internacionais de Biden. Trump venceu a democrata Kamala Harris na eleição de 5 de novembro e assume a presidência dos EUA em 20 de janeiro, substituindo Biden.
O Planalto e a Casa Branca ainda não bateram o martelo sobre o formato da reunião, que talvez seja realizada durante um almoço oferecido por Lula a Biden. Após a bilateral, os dois discutirão a Parceria de Direitos dos Trabalhadores, colaboração lançada pelos líderes no ano passado para fortalecer os direitos dos trabalhadores em meio às mudanças tecnológicas e a transição energética.
Dentro do governo brasileiro, alguns interlocutores acreditam que o encontro deve marcar também o reconhecimento do papel do governo Biden na eleição brasileira de 2022. Os Estados Unidos enviaram seguidos recados, por meio de seu secretário da Defesa, Lloyd Austin, e do conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, ao então presidente Jair Bolsonaro e militares brasileiros.
Os americanos advertiram que não apoiariam nenhuma tentativa de contestar resultado das eleições, como vinha ameaçando Bolsonaro. Os EUA também estiveram entre os primeiros países a reconhecer o resultado da eleição em 2022 e dizer que o pleito foi transparente. Outros interlocutores reduzem a importância das ações dos EUA na época.
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