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Milei passou domingo em hotel e teve breves encontros com políticos e empresários

Por Folha de São Paulo

07/07/2024 18h15 — em
Mundo



BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SC (FOLHAPRESS) - Uma das principais estrelas da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em Balneário Camboriú (SC), o argentino Javier Milei, veio ao Brasil no auge de uma polêmica com o presidente Lula. Além de ignorar a cúpula do Mercosul, que teve início neste domingo (7), em Assunção, Milei rompeu o protocolo diplomático ao visitar o país vizinho sem marcar nenhum encontro com seu homólogo.

A visita ocorre em um momento de tensão entre os dois líderes. No último dia 26, Lula disse que só conversaria com o argentino caso o mesmo lhe pedisse desculpas pelas bobagens que teria dito a seu respeito. Dois dias depois, Milei afirmou que não se retrataria e que Lula teria "ego inflado de esquerdinha".

O argentino iniciou sua manhã de domingo com uma rápida reunião com lideranças conservadoras, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Logo em seguida, participou de outro encontro com empresários catarinenses. As duas agendas foram reservadas em salas do Hotel Mercure, onde todos estão hospedados.

Logo após o encontro, foi Eduardo quem fez menção à polêmica com Lula, dando a entender que Milei poderia voltar a tocar no assunto em seu discurso -o que não se concretizou. "Percebe-se que ele não tem muita amizade pelo Lula. Ele apenas falou a verdade: que o Lula tem condenação por corrupção e é comunista. Falta ao Lula pedir desculpas, já que ele, por meio de sua ministra, Simone Tebet, articulou US$ 1 bilhão, em meio à campanha eleitoral argentina, para favorecer seu oponente", afirmou o deputado, em referência a um suposto financiamento do rival de Milei na eleição argentina, o peronista Sergio Massa.

O presidente argentino não falou com a imprensa ao longo do dia em Balneário Camboriú, ficando recluso no hotel. Segundo relato de funcionários, ele fez as refeições em seu quarto. Sua única aparição foi por volta das 16h, quando partiu com sua comitiva em direção ao Expocentro, local onde ocorreu a Cpac. Acenou rapidamente para um grupo de cerca de 30 pessoas, a maioria argentinas, e entrou em seu carro.

Trajado com a camisa da seleção albiceleste e com a bandeira de seu país em mãos, o eletricista Jonathan Gutierrez, 24, desafiou a chuva fina e insistente para saudar o presidente de seu país de origem. Na véspera, fez o mesmo para ver Bolsonaro. Morador de Balneário Camboriú há um ano e meio, Gutierrez afirmou que torce para que os dois países voltem a ser governados pela direita. "Que Milei consiga fazer tudo o que prometeu, e que Bolsonaro faça o Brasil voltar a ser uma potência mundial novamente", disse.

Ao seu lado, o empresário Maximiliano Campana, 43, estava ansioso para poder saudar o presidente argentino. Morador de Buenos Aires mas dono de um apartamento em Balneário Camboriú, ele diz ter ido à cidade catarinense especialmente para ver Milei. Campana disse que, apesar do pouco tempo de governo conservador, ele já nota uma melhora nas condições de vida em seu país: "Não se reconstrói em seis meses o que se perdeu em anos dos governos Kirchner. Mas estamos aos poucos nos levantando e voltando a ser o grande país que a Argentina sempre foi."

Logo após o café da manhã, Milei, acompanhado de sua irmã Karina, secretária-geral de seu governo, e do ministro da Defesa da Argentina, Luis Alfonso Petri, teve um encontro reservado com o ex-presidente Jair Bolsonaro, com os governadores Jorginho Melo (PL-SC) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e com o deputado Eduardo Bolsonaro. Segundo o governador catarinense, o encontro foi pautado por conversas bilaterais, que visam fortalecer a relação do estado com a Argentina, já que Santa Catarina é um tradicional destino turístico dos argentinos. No final do encontro, Bolsonaro presenteou Milei com a chamada medalha dos 3is (imorrível, imbrochável e incomível).

Em seguida, Milei se encontrou com uma comitiva de empresários catarinenses liderada pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mário Cezar Aguiar. Também estiveram presentes Otto von Sothen, do Grupo Tigre, Dilvo Casagranda, da Aurora, e Edilson Zanatta, da Farben.

O saldo da reunião foi a promessa de mais negócios entre Santa Catarina e Argentina e a promessa de desburocratização na aduana de Dionísio Cerqueira, facilitando a circulação de produtos e pessoas a partir da fronteira do estado com o país portenho.


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