Papa Francisco quebra tradição e será enterrado em caixão simples fora do Vaticano

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Em uma decisão que rompe com séculos de tradição, o Papa Francisco, falecido nesta segunda-feira, 21 de abril, será sepultado em um caixão de madeira simples e fora dos muros do Vaticano, marcando a primeira vez em mais de um século que um pontífice escolhe um local de descanso final fora da Basílica de São Pedro. O Papa já havia sinalizado no ano passado seu desejo de simplificar os ritos funerários papais, tradicionalmente marcados por um velório de nove dias e o uso de três caixões interligados feitos de cipreste, chumbo e carvalho, práticas às quais Francisco renunciou.
As novas instruções para o "Ordo Exsequiarum Romani Pontificis", aprovadas pelo próprio Papa em abril de 2024, enfatizam um funeral que reflita a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado e a figura do Romano Pontífice como um pastor e discípulo de Cristo, em vez de uma figura poderosa deste mundo. A tradicional plataforma elevada na Basílica de São Pedro para o velório também será abolida, com os fiéis prestando suas últimas homenagens ao corpo do Papa enquanto este repousa dentro do caixão, com a tampa aberta, em um gesto de maior proximidade e simplicidade.
Contrariando a tradição de sepultamento na Basílica de São Pedro, que abriga os restos mortais de mais de 90 papas, Francisco optou por ser enterrado na Igreja de Santa Maria Maior, em Roma. Essa escolha reflete a profunda devoção mariana do Pontífice, que frequentava essa basílica para orar já quando era arcebispo de Buenos Aires e continuou a visitá-la inúmeras vezes após se tornar Papa, em particular após suas viagens apostólicas e nas festas litúrgicas dedicadas a Maria. Antes dele, apenas o Papa Leão XIII, em 1903, havia escolhido ser sepultado fora do Vaticano, na igreja de São João de Latrão.
A decisão de ser enterrado em Santa Maria Maior também representa, de certa forma, a concretização de um desejo de Francisco de "deixar o Vaticano", local onde em algumas ocasiões se sentiu "engaiolado". Essa escolha final quebra um último "protocolo" de seus antecessores, seguindo a linha de suas primeiras decisões como Papa, como a de residir na Hospedaria Santa Marta em vez do Palácio Apostólico, marcando mais uma vez sua preferência pela simplicidade e proximidade com o povo.
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