PT e MST enviarão representantes para posse de Maduro na Venezuela
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Com provável baixa presença de lideranças de peso dado o descrédito da eleição, a posse de Nicolás Maduro na Venezuela nesta sexta (10) contará com a presença do PT (Partido dos Trabalhadores) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O partido do presidente Lula enviará Camila Moreno, que compõe a direção executiva nacional da legenda. No dia anterior, também na capital Caracas, ela participa de uma reunião do Foro de São Paulo, grupo de partidos de esquerda da região.
O MST, um dos aliados mais vocais do regime chavista no Brasil, será representado por João Pedro Stedile, principal nome do movimento e membro da coordenação nacional, e por uma delegação de cerca de outros dez militares que hoje já estão na Venezuela.
Outros grupos de menor expressão também enviarão representantes para a sexta-feira, como a Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz). Irão dois membros do grupo, entre eles o presidente José Reinaldo de Carvalho.
Do governo brasileiro, a representação será enxuta. O governo deve ser representado pela embaixadora do país em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira. É um recado ao regime, mas a mensagem da ditadura também chegou ao Brasil: até o momento Caracas não enviou nenhum convite formal para Lula ir à posse, algo de praxe nesses casos.
De Brasília, o anúncio do envio da diplomata, diz um interlocutor envolvido, teria o objetivo de reforçar a mensagem do Brasil de que o regime precisa se abrir ao diálogo, divulgar as atas eleitorais e, em especial, dar salvo-conduto para que seis asilados da oposição que vivem na embaixada argentina, hoje sob os cuidados do Brasil, saiam do país em segurança. Nenhuma das três coisas foi feita.
O PT reconheceu Maduro como vitorioso um dia após a eleição de 28 de julho. Em nota na época, o partido disse que seria "importante que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais".
É diferente do que disse o governo Lula, que não chamou, nem deve chamar, Maduro de presidente reeleito, mas mantém a relação a nível bilateral e tampouco deve reconhecer o opositor Edmundo González como vitorioso, a exemplo do que fizeram vizinhos como Argentina, Uruguai e Paraguai e mesmo os Estados Unidos de Joe Biden.
A Colômbia de Gustavo Petro, que também não reconheceu Maduro, em linha semelhante indicou que o mais provável é que envie seu embaixador no país para a posse. Mas, diferentemente de como foi com Lula, Petro teria sido formalmente convidado, disse o chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo, de modo que ainda há expectativa de que o presidente mude de ideia e compareça.
No México, que pulou fora do barco das negociações que travava com Colômbia e Brasil para maior diálogo em Caracas, a presidente Claudia Sheinbaum disse que não irá, mas enviará um representante, e não deixou claro se será alguém de sua equipe ou o próprio embaixador mexicano em Caracas.
Em setembro, Maduro anunciou o início de uma parceria da Venezuela com o MST que visa à produção agrícola em uma área de 10 mil hectares no estado de Bolívar, o maior do país e o que o liga ao Brasil.
Há ampla expectativa para a posse do ditador, que assumiria por mais seis anos no poder. Para o dia anterior, quinta (9), oposição e regime chamaram protestos, elevando o receio de tensão e repressão.
O opositor Edmundo González, que concorreu contra Maduro no pleito após a líder María Corina Machado ser inabilitada, diz que irá ao país no dia 10 para ser empossado. Projetos de checagem independente e organismos de peso como o Centro Carter afirmaram que foi González o eleito. Ele vive exilado em Madri desde setembro, e a ditadura tem dito que, se ele colocar os pés em solo venezuelano, será preso.
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