Rússia exige anexação de territórios ucranianos invadidos para aceitar cessar-fogo

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Após mais de três anos de intensos combates, uma proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos pode proporcionar a primeira pausa significativa na guerra entre Ucrânia e Rússia. A proposta, que sugere uma trégua de 30 dias, foi aceita pela Ucrânia, mas a resposta do Kremlin ainda é incerta.
No início da semana, um assessor de Trump para assuntos internacionais, Steve Witkoff, se reuniu com autoridades russas em Moscou, na tentativa de garantir a aprovação da proposta pelo presidente Vladimir Putin. Contudo, a condição do Kremlin para aceitar a trégua inclui uma série de exigências duras, colocando em risco a implementação do cessar-fogo.
Exigências da Rússia
Putin declarou que a Rússia aceitaria a interrupção dos combates, mas com várias condições rigorosas, como:
Reconhecimento dos territórios ucranianos invadidos como pertencentes à Rússia
Proibição da entrada da Ucrânia na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte)
Proibição da entrada de tropas de paz estrangeiras no território ucraniano
Além disso, o presidente russo levantou questões sobre o envio contínuo de armas para a Ucrânia durante a trégua, o treinamento militar ucraniano e o monitoramento de um extenso trecho de 2 mil quilômetros de fronteira.
A questão territorial e a resistência ucraniana
Desde o início do conflito, em 2022, a Rússia anexou cerca de um quinto do território ucraniano, concentrando-se em regiões do leste. Enquanto isso, a Ucrânia também tentou avançar em território russo, embora suas tropas tenham sido repelidas nas áreas de Kursk. A disputa por fronteiras entre os dois países já dura mais de uma década. Em 2014, a Rússia anexou a Crimeia e parte das províncias de Donetsk e Luhansk, com o auxílio de separatistas. No entanto, essas regiões nunca foram reconhecidas internacionalmente como parte da Rússia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterou em várias ocasiões que não aceitará qualquer acordo de paz que comprometa a integridade territorial da Ucrânia. No entanto, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu que a cessão de algumas regiões à Rússia poderia ser considerada, incluindo a usina nuclear de Zhaporizhzhia, a maior da Europa.
A adesão da Ucrânia à OTAN tem sido um ponto central nas negociações e no conflito. Para a Rússia, a entrada da Ucrânia na aliança seria vista como uma provocação direta, algo que Moscou não toleraria. Por outro lado, a Ucrânia considera a adesão à OTAN uma questão estratégica, e essa meta foi formalizada em sua Constituição desde 2018.
Como parte da estratégia de garantir o cessar-fogo, alguns países europeus propuseram o envio de tropas de paz para monitorar a trégua, uma iniciativa que se intensificou após o retorno de Trump à Casa Branca. No entanto, a Rússia vê com desconfiança qualquer movimento de tropas estrangeiras nas proximidades de suas fronteiras, especialmente com o contexto de sua expansão militar na região.
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