Síria e Rússia bombardeiam área rebelde após combates com ao menos 130 mortos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Rússia e Síria bombardearam o noroeste do país do Oriente Médio nesta quinta-feira (28) após uma ofensiva de grupos armados na região, considerada o último bastião das milícias que lutam contra o ditador Bashar al-Assad, segundo fontes do Exército e rebeldes.
O ataque liderado pelo HTS (Hayat Tahrir al Sham), ex-braço sírio da Al Qaeda que controla essa parte do país, começou nesta quarta-feira (27). Mais de dez cidades e vilarejos na província de Aleppo foram invadidos e cerca de 130 pessoas, entre jihadistas e membros das forças do regime, morreram desde então, segundo o OSDH (Observatório Sírio para os Direitos Humanos).
Trata-se do maior ataque desde março de 2020, quando a Rússia, aliada de Assad, e a Turquia, aliada dos rebeldes, concordaram com um cessar-fogo que encerrou anos de combates responsáveis por deslocar milhões de sírios.
As facções avançaram quase dez quilômetros a partir dos arredores da cidade de Aleppo e alguns quilômetros de Nubl e Zahra, duas cidades onde o Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã no Líbano, tem forte presença, disse à agência de notícias Reuters uma fonte do Exército. Elas teriam atacado ainda o aeroporto de al-Nayrab, a leste de Aleppo, onde milícias pró-Teerã têm postos.
Os rebeldes dizem que a campanha foi uma resposta ao aumento dos ataques contra civis pelas forças aéreas russas e sírias em áreas no sul de Idlib, cidade atualmente controlada pelo HTS. Segundo as facções, mais de 80 pessoas, principalmente civis, foram mortas desde o início do ano em ataques com drones em vilarejos controlados por rebeldes.
Esses grupos armados argumentam que Damasco está aproveitando o conflito mais amplo na região para tentar tomar o controle do último grande território controlado por rebeldes na Síria, perto da fronteira com a Turquia, onde vivem mais de três milhões de pessoas. Damasco, por sua vez, nega atacar civis indiscriminadamente.
Funcionários da área de segurança da Turquia ecoaram a versão dos grupos armados ao afirmar à Reuters que os rebeldes lançaram a operação após ataques do regime. Segundo essas fontes, porém, os rebeldes permaneceram dentro dos limites de uma zona estabelecida em 2019 por Rússia, Irã e Turquia com o objetivo de reduzir as hostilidades.
Listado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela Turquia, o HTS compete com grupos rebeldes mais convencionais apoiados por Ancara que também controlam faixas da fronteira com a Síria. Uma fonte do Ministério da Defesa turco disse que o país estava acompanhando de perto os combates e havia tomado precauções para garantir a segurança de suas tropas que estão no país em guerra civil.
Em um comunicado, o Ministério da Defesa da Síria afirmou que o Exército, "em cooperação com forças amigas" infligiu "grandes perdas" aos grupos armados. A ofensiva, no entanto, continua, de acordo com a pasta.
O regime de Bashar al-Assad, com o apoio das forças russas e iranianas, recuperou o controle de grande parte do país desde o início da guerra, em 2011. O conflito provocou mais de 500 mil de mortes e deixou milhões de deslocados.
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