Ucrânia volta a atacar Rússia com mísseis americanos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após uma pausa, a Ucrânia voltou a atacar a Rússia com mísseis de maior alcance feitos nos Estados Unidos, levando Moscou a prometer uma vingança. Para os americanos, ela deverá vir em breve na forma de um novo emprego da nova arma de Vladimir Putin na guerra contra o vizinho.
A ação ocorreu nesta quarta (11) contra uma base aérea em Taganrog, uma cidadezinha no sul russo próximo à fronteira ocupada pelos russos em Donetsk. Segundo o Ministério da Defesa russo, foram lançados seis modelos ATACMS com alcance de até 300 km contra a posição.
Todos foram abatidos, disse a pasta, mas destroços atingiram alguns prédios e houve feridos leves. Já a imprensa ucraniana disse que o ataque atingiu em cheio o local, causando mais prejuízos. Seja como for, a Defesa disse que "haverá resposta".
Não havia relatos de ataques com esse tipo de arma, cujo uso foi autorizado em novembro pelos EUA contra alvos em território russo, desde o dia 29 passado --quando Moscou falou ter derrubado dez ATACMS ao longo de uma semana.
A retaliação russa foi sugerida a repórteres por uma autoridade do Pentágono, de forma anônima. Ela disse que Putin deverá lançar "nos próximos dias" mais um míssil balístico de alcance intermediário Orechnik (aveleira, em russo).
No dia 21 de novembro, logo depois da autorização ocidental para que as forças de Volodimir Zelenski atacassem a Rússia com suas armas, Moscou impressionou o mundo com um ataque de demonstração do míssil.
O Orechnik, que parece ser um derivado de um míssil intercontinental de ataque nuclear, foi desenhado como tal: atinge o alvo com múltiplas ogivas a velocidades hipersônicas (acima de 13 mil km/h), sendo virtualmente impossível de interceptar.
Putin não empregou nenhum explosivo no seu teste, usando apenas cargas que destruíram uma fábrica de armas com a força do impacto. Logo depois, passou a propagandear o Orechnik como um ponto de virada na guerra e anunciou tanto sua produção em massa como o fornecimento para a vizinha Belarus.
Tudo isso é marketing, disse a autoridade americana. Não parece factível qualquer produção maciça do armamento ainda experimental, que é complexo e caro, mas se Putin cumprir a ameaça de empregá-lo contra "os centros de decisão do poder em Kiev", ou seja, a cabeça de Zelenski, a coisa pode mudar de figura.
Enquanto isso, o balé diplomático à espera da chegada à Casa Branca de Donald Trump, com sua promessa de acabar com o conflito, segue.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia comentou nesta quarta o pedido de cessar-fogo imediato feito pelo republicano no domingo (8), dizendo que as condições de Putin têm de ser implementadas sem concessões do Kremlin.
Elas incluem a cessão dos quatro territórios anexados ilegalmente pelo russo em 2022, que não estão 100% sob seu controle, a neutralidade militar e o desarmamento da Ucrânia.
Zelenski acenou recentemente, aceitando a perda temporária de território em troca ou de admissão do que sobrar de seu país à Otan (aliança militar ocidental), o que foi descartado, ou do envio de forças estrangeiras para salvaguardar suas fronteiras -o que parece pouco exequível.
Putin não aceita nada disso primeiro porque não quer a Otan ainda mais às suas portas e, segundo, porque está em situação favorável no campo de batalha neste ano. Avançou bastante em Donestk e, nesta quarta, recuperou ainda mais território na pequena área invadida por Kiev no sul russo.
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