Vance é recebido no Vaticano sem a presença do papa Francisco
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, foi recebido neste sábado (19) no Vaticano em reunião que abordou a situação de refugiados dois meses após o papa Francisco ter criticado a postura do governo americano sobre o tema.

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Vance, católico que entrou em confronto com o papa Francisco em razão da política contra imigração promovida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, reuniu-se com o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e seu principal adjunto.
O papa fez do cuidado com os migrantes um dos temas principais de seus 12 anos de papado. Ele criticou duramente os planos do governo Trump de deportar milhões de migrantes nos EUA, chamando a política de vergonha.
Um comunicado do Vaticano após o encontro mencionou "conversas cordiais" que incluíram "uma troca de opiniões sobre a situação internacional".
De acordo com o documento, Vance e Parolin discutiram sobre países afetados por guerras, tensões políticas e situações humanitárias, em especial migrantes, refugiados e prisioneiros.
Francisco, que tem limitado suas aparições públicas por recomendação médica enquanto se recupera de uma pneumonia dupla, não participou do encontro. Apesar disso, o papa recebeu o rei Charles 3º, do Reino Unido, no início de abril e apareceu em público diversas vezes nos últimos dias.
Em visita à Itália com sua família durante o feriado da Páscoa, Vance já havia participado de uma cerimônia na Basílica de São Pedro na Sexta-feira Santa, dia em que os cristãos lembram a crucificação de Jesus.
"A visita acontece em um momento delicado", disse Massimo Faggioli, acadêmico italiano da Universidade de Villanova que acompanha de perto o papado. "A relação com os EUA é prioridade para o Vaticano neste momento."
Francisco classificou políticas imigração da administração Trump como uma vergonha. Vance, que se tornou católico em 2019, citou conceitos religiosos da era medieval para justificar a repressão à imigração.
Francisco refutou o argumento teológico que Vance usou para defender a repressão em uma carta aberta incomum aos bispos católicos dos EUA, em fevereiro, e chamou o plano de Trump de uma "grande crise" para os EUA.
"O que é construído com base na força, não na verdade sobre a igual dignidade de cada ser humano, começa mal e terminará mal", escreveu o papa à época.
Vance também pode participar da celebração da Páscoa do Vaticano na praça São Pedro no domingo (20). O Vaticano ainda não disse se o papa comparecerá à cerimônia.
Nos EUA, autoridades católicas também criticaram os cortes de Trump à ajuda externa e aos programas de bem-estar doméstico.
A conferência dos bispos católicos dos EUA anunciou neste mês que, devido aos cortes, encerraria meio século de parcerias com o governo federal para fornecer serviços às populações de migrantes e refugiados.
Chieko Noguchi, porta-voz dos bispos dos EUA, disse à Reuters que Parolin está "bem informado sobre os desafios enfrentados pela igreja e suas instituições" no país.
O comunicado do Vaticano disse que, durante a reunião entre Vance e Parolin, "foi expressa a esperança de uma colaboração serena" entre a Igreja e o governo dos EUA.

ASSUNTOS: Mundo