'Vladimir, pare!', cobra Trump após ataque russo contra Kiev
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu a um ataque russo contra a capital da Ucrânia na manhã desta quinta-feira (24). "Pare, Vladimir!", escreveu em sua rede, a Truth Social, em recado a Vladimir Putin, o seu homólogo na Rússia. "Não estou satisfeito com os ataques russos em Kiev. Desnecessários e em um momento péssimo."

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A declaração veio um dia após Trump afirmar que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, estava dificultando as negociações de paz para encerrar a guerra. "Mais de 5.000 soldados estão morrendo por semana. Vamos chegar a um acordo de paz", continuou Trump na mensagem direcionada a Putin.
Na madrugada desta quinta, a Rússia disparou uma série de mísseis e drones contra Kiev, matando ao menos 12 pessoas, segundo autoridades ucranianas. Ainda assim, em encontro com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, Trump disse acreditar que Putin vai interromper as ofensivas.
No mesmo encontro, ao ser questionado a respeito de quando deve haver um acordo entre Moscou e Kiev, o presidente americano afirmou ter seu próprio prazo para o fim da guerra, sem dar detalhes.
Trump afirmou também que os EUA estão "pressionando a Rússia fortemente" para que o conflito seja encerrado. Questionado sobre quais mensagens transmitiu ao Kremlin, o líder americano disse ter sido incisivo nos diálogos. "Que [Moscou] pare a guerra, que pare de tomar todo o país. É uma concessão bastante grande", afirmou ele, que tem sido acusado de favorecer o lado russo nas negociações.
Segundo o republicano, o fato de a Rússia não querer tomar toda a Ucrânia já é uma "concessão bastante significativa". Atualmente as forças de Moscou controlam cerca de 20% do leste do território ucraniano, que inclui porções das regiões de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia, além da Crimeia, península no mar Negro anexada pelos russos em 2014 sem o reconhecimento da comunidade internacional.
As falas parecem ter sido uma resposta a Zelenski, que após o ataque contra Kiev afirmou não enxergar sinais de que Washington esteja de fato pressionando a Rússia para que o conflito seja paralisado. O ucraniano e o republicano já tiveram embates públicos, sendo o mais agressivo deles ocorrido em fevereiro, quando os dois bateram boca no Salão Oval da Casa Branca diante de jornalistas.
Para reiterar a urgência dos pedidos de ajuda feitos a aliados, Zelenski mencionou uma investigação preliminar que aponta o uso, pela forças russas, de um míssil balístico da Coreia do Norte durante a ofensiva contra Kiev. O artefato teria atingido um prédio residencial.
Antes da reação de Trump ao ataque, o governo russo já havia declarado que "concorda completamente" com o presidente dos EUA em outra questão, a Crimeia. "Isso está totalmente alinhado com a nossa visão e com o que temos dito há muito tempo", disse o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, em sua entrevista coletiva diária. Na quarta-feira, Trump havia feito afirmação semelhante sobre a península no mar Negro.
A proposta, no entanto, é rejeitada por Kiev. O governo ucraniano insiste que não aceitará abrir mão da Crimeia em troca de um acordo com Moscou.
Para Zelenski, o Kremlin está tentando "exercer pressão" sobre os americanos ao lançar um ataque massivo contra a Ucrânia. "[A Rússia] também está pressionando os EUA. Este é mais um motivo para o ataque de hoje", disse o ucraniano durante entrevista na África do Sul, que decidiu interromper após o ataque.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse durante visita a Madagascar que não se pode esperar que Zelenski aceite os termos de cessar-fogo enquanto Kiev está sendo bombardeada. "Nós continuaremos a defender o direito do povo ucraniano de viver dentro de suas fronteiras reconhecidas internacionalmente."
O governo Trump tentou negociar uma trégua entre Moscou e Kiev para encerrar o conflito de três anos e propôs reconhecer o controle russo da Crimeia como parte de um acordo de paz.
O ataque desta quinta coincidiu com os esforços diplomáticos até então malsucedidos de Trump, que durante sua campanha prometeu acabar com a guerra em 24 horas. Na quarta, Trump afirmou ter chegado a um acordo com Moscou, mas não com Zelenski, a quem criticou por se recusar a aceitar a ocupação russa da Crimeia.
A Rússia, que lançou seu ataque militar ao vizinho em fevereiro de 2022, atualmente ocupa quase 20% do território da Ucrânia e, além da Crimeia, reivindica quatro outras regiões ucranianas como suas.

ASSUNTOS: Mundo