Zelenski diz que Lula 'vive narrativas da União Soviética' sobre guerra
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse que o presidente Lula (PT) adotou postura de "retórica política" e que "vive narrativas da União Soviética" em relação à guerra contra a Rússia.
Zelenski postura mais enfática de Lula que, diz o líder ucraniano, "pensa na Rússia como se hoje ainda existisse a União Soviética". Em entrevista a Luciano Huck, para o jornal O Globo, o político também disse ser grato pelo diálogo que teve com presidente brasileiro em 2023.
O ucraniano também criticou o fato de o Brasil ter assinado, ao lado da China, proposta para negociações de paz no conflito. Zelenski alega que o conteúdo não tem efeitos práticos para solucionar a guerra.
Presidente da Ucrânia ressaltou que o Brasil é uma democracia, ao contrário de outros países que assinam a carta. "A China é um país democrático? Não. E o que dizer sobre o Irã? É um país democrático? Não. E o que dizer da Coreia do Norte? Eles não são países democráticos. Então, o que o Brasil, um grande país democrático, faz nessa companhia? Eu não consigo entender esse círculo de países. É normal quando você tem relações econômicas, mas estamos falando sobre uma guerra, não é sobre relações econômicas", afirmou.
Ele também se referiu ao que ele chamou de "plano chinês" como "apenas uma declaração política" restrita ao papel, sem efeitos concretos. "Eu entendo apenas propostas concretas e honestas. Eu falo pelas nossas vítimas, pelos nossos mortos. Então, se você quer nos ajudar a parar a guerra, ou nos ajudar a fazer com que o [Vladimir] Putin pare com a guerra, nós temos que nos unir", declarou, ressaltando que pretende apresentar em breve um plano de paz para pôr fim à guerra.
BRASIL ASSINOU CARTA COM CHINA EM MAIO
Em maio deste ano, o Brasil assinou plano conjunto com a China em que pede a desescalada da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Para o governo brasileiro, dadas as alianças entre os presidents Xi Jinping e Putin, Pequim é o único que pode influenciar o Kremlin a negociar pela paz e o encerramento do conflito.
Em nota, Brasil e China afirmaram que "tiveram uma profunda troca de pontos de vista sobre a promoção de uma solução política para a crise da Ucrânia e o apelo para a desescalada da situação". Segundo a publicação, a resolução passa necessariamente por uma "conferência de paz com russos e ucranianos, troca de prisioneiros, rejeição ao uso de armas nucleares e evitar a divisão do mundo em blocos".
Zelenski tem cobrado publicamente um posicionamento de Lula desde que o petista assumiu o governo. O Itamaraty tem desconversado e pedido "solução pelo diálogo", o que irrita o ucraniano.
Lula e Zelenski se reuniram pessoalmente em novembro de 2023 em Nova York, mas não chegaram a consenso. O ucraniano voltou a pedir um posicionamento mais duro do governo brasileiro e o brasileiro insistiu em uma "saída pacífica".
O petista tem falado pouco no assunto, mas mantém a solução de duas vias. Quando trata da guerra, diz que condena a invasão russa e que o governo brasileiro busca a paz, mas não tem mais procurado intervir.
A guerra começou em fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia. Desde então, milhares de civis já foram mortos, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), sendo a grande maioria ucraniana.
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