Feira de jatinhos faz estreia no Campo de Marte com ausência de modelos maiores
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Sem a presença de grandes jatos de fabricantes como a canadense Bombardier e a francesa Dassault, a feira anual de jatinhos da capital paulista (a Labace) faz nesta semana sua primeira edição no aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo.
Até o ano passado, a Labace era realizada em Congonhas (zona sul da cidade), no espaço onde ficavam os hangares da Vasp, companhia aérea cuja falência foi decretada em 2008. No entanto, a feira teve de mudar de local após o início das obras de modernização do aeroporto previstas no contrato de concessão do terminal, que desde 2023 é administrado pela empresa espanhola Aena.
Flávio Pires, CEO da Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral), organizadora do evento, afirma que a área disponibilizada para a Labace em Congonhas já teve, em algumas edições antes da pandemia, cerca de 70 mil metros quadrados. Em 2024, porém, o espaço foi reduzido a 38 mil metros quadrados.
"A própria Aena, no processo de arrumação, ocupou muito espaço. Eu cheguei na feira a ter pilhas de dez metros de asfalto que ela [a concessionária] tirou da pista e acumulou uma montanha que eu não consegui tirar. Me tomou 900 metros quadrados de feira", diz Pires. "Eu ficava de puxadinho, pedindo emprestado. Tinha a área ali que era da Azul, que me emprestou. Ficava vivendo de favor."
Segundo Pires, no Campo de Marte, a feira tem neste ano aproximadamente 52 mil metros quadrados. Mas já prevê expansão para chegar a 110 mil metros quadrados nos próximos anos.
Apesar do espaço maior do que em 2024, esta edição é marcada pela ausência de grandes jatos. Isso porque o Campo de Marte tem uma pista mais limitada e opera somente na categoria visual, o que inviabiliza o movimento de aviões em condições desfavoráveis de visibilidade.
A Pax Aeroportos, concessionária do Campo de Marte e que é controlada por um fundo do grupo XP, fará adaptações no terminal, incluindo a construção de uma nova pista paralela, para que o Campo de Marte passe da categoria visual para operação com instrumentos. Dessa forma, o terminal pode permanecer aberto mesmo em condições desfavoráveis de visibilidade.
Neste ano, uma das maiores aeronaves está sendo exposta pela TAM, que ocupa o estande com a parceira Textron Aviation, dona da marca Cessna. Trata-se do Cessna Citation Latitude, aeronave que comporta oito passageiros e dois tripulantes, tem alcance máximo de 6.482 km e voa a uma velocidade máxima de cruzeiro (quando o avião já está em alta velocidade e altitude) de 895 km/h. O modelo custa cerca de US$ 30 milhões (aproximadamente R$ 164 milhões), sem impostos.
Em sua estreia na Labace, o Cessna Skycourier era outro avião exposto pela TAM Aviação Executiva, que é revendedora da Textron Aviation no Brasil. Com alcance de 1.704 km, o modelo possui velocidade máxima de cruzeiro de 389 km/h. De acordo com a Textron, o preço é de US$ 9,36 milhões (R$ 51 milhões) na versão da aeronave para passageiros, e de US$ 8,6 milhões (R$ 47 mihões) na versão cargueira.
"A feira sempre é uma oportunidade para a gente estar mais próximo do mercado. Tem algumas conversas que a gente já vem tendo com alguns clientes, algumas que a gente continua desenvolvendo durante a feira, e, sim, existe também possibilidade de fechamento [de pedido] durante a feira -ou após a feira", afirma Marcelo Moreira, vice-presidente de vendas para América Latina da Textron Aviation.
Moreira diz que a empresa não divulga a expectativa de número de vendas durante a feira.
Leonardo Fiuza, presidente da TAM, afirma que na feira do ano passado a empresa fechou nove pedidos, um recorde da companhia no evento. Neste ano, ele espera que o número se repita.
A Embraer expõe três de seus jatos executivos desta vez. Avaliado em US$ 27 milhões (cerca de R$ 147 milhões), o Praetor 600 era o maior deles. O modelo tem velocidade máxima de cruzeiro 863 km/h e um alcance de 7.441 km e comporta até 12 passageiros.
Os outros modelos expostos eram o Phenom 100 EX, de US$ 6,3 milhões (R$ 34,42 milhões), e o Phenom 300E, de US$ 14,5 milhões (R$ 79 milhões).
A Airbus não levou aviões à feira neste ano. Desta vez, a companhia mostra a clientes e visitantes o helicóptero ACH145, da Helibras, subsidiária da Airbus. O modelo voa a uma velocidade máxima de cruzeiro de 241 km/h e tem autonomia para 3h35.
A Labace acontece nesta semana, até quinta-feira (7). O ingresso para visitantes custa R$ 660. Profissionais do setor pagam R$ 140.
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