Cidade Universitária cede lugar a projeto bilionário do governo do Amazonas
Por Raimundo Holanda
A crise financeira do Estado do Amazonas somada à baixa perspectiva de arrecadação está levando os técnicos do governo a buscar opções para manter o caixa no “azul” com o estudo de projetos para serem apresentados a instituições financeiras internacionais, tendo como apelo a "sobrevivência da Amazônia".
Entre os projetos com grandes chances de atrair recursos bilionários está a Cidade Universitária, no município de Iranduba (a 41,1 quilômetros de Manaus) que, hoje, é vista pela comunidade internacional como um grande “entulho” no meio da floresta amazônica.
Com gastos de R$ 92,1 milhões na base da obra, o projeto, estimado em R$ 700 milhões, foi paralisado, em outubro de 2017, após uma decisão da 7ª. Vara da Justiça Federal do Amazonas, atendendo a uma ação do Ministério Público Federal (MPF).
A ação civil pública do MPF questionou a idoneidade do licenciamento e apontou os danos ambientais causados pela obra. Os serviços iniciados em 2014 deveriam ter sido concluídos há dois anos. Pouco mais de 20% da construção foi executada e o contrato com a construtora cancelado.
Ambientalistas apontaram prejuízos irreversíveis ao meio ambiente, como o aterramento do Igarapé Chico Preto, danos a sítios arqueológicos e outros estragos decorrentes da insuficiência da análise dos impactos ambientais do empreendimento.
Em abril deste ano, o governo sinalizou a mudança de projeto para a criação de um Parque Tecnológico. No anúncio da mudança, o foco era a busca de recursos internacionais, e, hoje, há um grupo treinado em campo, garimpando o investimento.
O dinheiro, segundo assessores do governo, também pode ser a salvação das contas do Estado para o ano de 2020. Depois, buscaria a compensação dentro dos cofres para a efetiva execução do projeto.
Apesar da boa vontade da Procuradoria Geral do Estado (PGE) em levar à sociedade o debate sobre o futuro da Cidade Universitária, em uma audiência pública que será realizada no dia 21 de agosto, nos bastidores, sabe-se que esse destino já está traçado.
A atração de recursos em uma moeda mais forte que o Real certamente fará emergir grupos interessados em “lutar” pelo Meio Ambiente e pela Educação, na Amazônia.
Mas há entre grupos de ambientalistas sérias suspeitas sobre o que afinal está por trás dessa iniciativa do governo do Amazonas.
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