MPF entrega ao presidente da Funai proposta para linha de energia Manaus-Boa Vista
O Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas entregou ao presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Franklimberg de Freitas, nota técnica assinada por três especialistas em sistemas energéticos de universidades brasileiras na qual apontam a geração de energia solar fotovoltaica centralizada como alternativa para garantir a segurança energética do Estado de Roraima.
O documento foi entregue pelo procurador da República, Fernando Merloto Soave, ao titular na fundação durante reunião realizada na terça-feira, dia14, na sede do MPF no Amazonas, entre a Funai, a concessionária TransNorte Energia e lideranças do povo Waimiri Atroari. A nota técnica foi repassada também aos representantes da empresa de energia e aos indígenas.
Atraso no procedimento de consulta
Durante o encontro sediado pelo MPF, os indígenas questionaram a falta de observância do cronograma estabelecido para os estudos que precedem a realização do procedimento de consulta prévia. Esses estudos, que ainda não foram concluídos, deveriam estar sendo realizados pela concessionária responsável pelo projeto como etapa prévia do procedimento de consulta aos indígenas.
De acordo com o diretor técnico da TransNorte Energia, Raul Ferreira, os trabalhos de planialtimetria não foram finalizados em razão do atraso no repasse de informações técnicas às equipes que se encontravam em campo. Já o Projeto Básico Ambiental, documento que detalha as medidas mitigadoras e compensatórias dos impactos socioambientais, está em fase de conclusão pela Preservar, empresa contratada pelo consórcio para realizar os estudos.
Líder exime indígena de atraso em serviços
O cacique geral do povo Waimiri Atroari, Mário Parwé, ressaltou que o atraso se deve exclusivamente à empresa, não podendo ser imputado aos kinja, como os indígenas Waimiri Atroari se autodenominam. Enfatizou, ainda, que após os estudos deverá ser realizado o procedimento de consulta, nos termos já estabelecidos no protocolo dos índios, já que a implantação da linha de transmissão Manaus-Boa Vista envolve diversos aspectos, inclusive da memória e do histórico de violações do povo Waimiri Atroari.
Os indígenas lembraram que, nos termos constantes do protocolo de consulta, ao final dos estudos, deve ser feito o procedimento de consulta propriamente dito, oportunidade na qual os indígenas se manifestarão sobre seu consentimento quanto ao empreendimento, de maneira livre e informada, como determinado na Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o Presidente da Funai, os procedimentos relativos à consulta serão observados.
ASSUNTOS: energia solar, fotovoltaica, funai, linhão de Tucuruí, Manaus-Boa Vista, Waimiri-Atroari, Amazonas