Pesquisadores do Amazonas participam de pesquisa com medicamento para malária
Manaus/AM - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) efetuou o registro de um medicamento, desenvolvido com a participação de pesquisadores da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), com potencial para facilitar de forma expressiva o tratamento da malária e evitar recaídas.
A tafenoquina é a primeira droga aprovada nos últimos 60 anos para a principal forma da doença, provocada pelo Plasmodium vivax. A pesquisa clínica no Brasil foi conduzida pelo pesquisador Dr. Marcus Lacerda e pelo Dr. Wuelton Monteiro, da FMT-HVD.
Em Brasília, onde cumpre agenda oficial e participou pela manhã da reunião da Comissão Intergestora Tripartite (CIT), que reúne os três entes governamentais (estados, municípios e o Governo Federal) para definir as ações no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o secretário estadual de Saúde, Rodrigo Tobias, ressaltou a importância da FMT-HVD e de outras instituições envolvidas na pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz.
“É uma conquista histórica, que só reforça a importância da nossa Fundação de Medicina Tropical e de seus profissionais no cenário da pesquisa internacional. Estamos no topo da pirâmide, quando se trata de excelência em pesquisa. O Amazonas deve se orgulhar de suas instituições”, disse o secretário.
O maior avanço no novo medicamento, de acordo com pesquisadores, está relacionado à forma e ao tempo de uso. A Tafenoquina reduz a duração do tratamento de sete, com o tratamento convencional, para um dia.
Doença é endêmica
A malária é transmitida pela picada do mosquito Anopheles infectado pelo protozoário. Os sintomas são febre, mal-estar, dores de cabeça e no corpo. Entre os meses de janeiro e agosto, foram identificados no país 87 mil casos da doença. Somente na FMT-HVD, de janeiro a Julho deste ano, foram notificados 1.230 casos da moléstia.
A malária é considerada endêmica no país. O tratamento atual inclui duas drogas. Uma delas é indicada para controlar a infecção aguda, e outra, de sete dias, a primaquina, para a eliminação do parasita que se instala no fígado, e depende do peso do paciente.
Apesar da droga já ter recebido registro nos Estados Unidos e na Austrália ainda em 2018, o Brasil será o primeiro país a utilizá-la na rotina de uma rede de saúde.
No primeiro semestre de 2020, será feito um estudo para a incorporação da droga no Sistema Único de Saúde (SUS). Durante um ano, a droga será utilizada nas cidades de Manaus e Porto Velho. Se resultados forem considerados bons, a droga poderá ser incorporada pelo (SUS) de forma ampla.
O registro concedido pela Anvisa prevê que a tafenoquina seja dada para pacientes com mais de 16 anos. Ela substitui a primaquina e não dispensa o uso de medicamentos para a forma aguda da doença. O novo medicamento não é indicado para mulheres grávidas e para pessoas com deficiência na produção de uma enzima, a G6PD – problema que se estima atingir 5% da população.
“Pessoas com a deficiência que tomam a tafenoquina podem ter efeitos colaterais graves, como a destruição das células vermelhas”, diz Lacerda. Para evitar o risco, o novo medicamento somente será usado depois da realização de um teste rápido, feito para identificar a deficiência de G6PD.
Fotos: Divulgação
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