Em 2012 foram registrados 943 casos de câncer na Amazônia
A Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon), órgão do Governo do Estado, lançou um alerta à população para que procure adotar hábitos mais saudáveis de vida, afastando os fatores de risco das neoplasias. Só no ano de 2012, foram registrados na instituição, que é referência no tratamento da doença em toda a Amazônia Ocidental, 943 novos diagnósticos.
Embora o número represente uma redução no comparativo com 2011 de 26% (passou de 1.275 para 943), há tipos específicos de câncer que ainda preocupam. É o caso do de próstata, o primeiro em incidência entre pessoas do sexo masculino, que apresentou um aumento de 24,1% no período, passando de 116 novos diagnósticos em 2011 para 144 no ano passado.
Os índices de câncer de colo de útero e de mama, os dois mais comuns na população feminina, também continuam altos. O primeiro teve 107 casos registrados em 2012 e, o segundo, 160. Os números correspondem apenas aos casos diagnosticados no Laboratório de Anatomia Patológica da FCecon.
O diretor-presidente da Fundação, Edson de Oliveira Andrade, explica que o número de casos no Estado é superior ao divulgado pela FCecon, visto que há unidades privadas que também realizam o diagnóstico e tratamento do câncer no Amazonas. Além disso, uma parcela dos pacientes que dão entrada na fundação é oriunda de outros estados, como Rondônia, Roraima, e até de países fronteiriços.
Ele cita como exemplo o número de novos inscritos na instituição, ano passado, que totalizou 4.862. São pacientes que receberam diagnóstico na Fundação Cecon, em outras unidades hospitalares do Amazonas e de outros Estados, ou ainda, pessoas que estavam sob suspeita de terem adquirido a doença e necessitavam de exames mais detalhados para confirmar o diagnóstico de câncer ou descartá-lo.
Cirurgia de alta complexidade
Dados da Secretaria Estadual de Saúde (Susam) mostram que das 2.223 cirurgias realizadas no ano passado na Fundação Cecon, 70,7% foram de grande porte, ou seja, de alta complexidade. O número representa um aumento de 6,5% frente aos procedimentos cirúrgicos ocorridos em 2011, os quais totalizaram 2.087.
Entre cirurgias e sessões de quimioterapia e radioterapia, os três principais tipos de tratamento contra o câncer oferecidos pela fundação, foram registrados 6.192 atendimentos na unidade (1.767 de quimioterapia e 2.202 de radioterapia). Além deles, oito mil atendimentos foram realizados pela equipe de Terapia da Dor e Cuidados Paliativos, grande parte em domicílio.
Mudança de hábito
Edson de Oliveira Andrade destacou que afastando os fatores de risco do câncer, reduz-se o risco de contrair a doença. “Uma má alimentação, por exemplo, favorece o aparecimento da doença no sistema digestivo. Substituir alimentos enlatados e com alto índice de conservantes por fibras e abandonar o fumo são algumas das medidas preventivas neste caso”, informou o especialista em pneumologia.
Ele explica, ainda, que no caso das mulheres, o exame de Papanicolau deve ser realizado anualmente, bem como o de mama a partir dos 40 anos, conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS). “O preventivo pode detectar lesões precursoras da doença, evitando que ela apareça. O câncer de colo de útero, cujo Amazonas é o primeiro em incidência no País, é 100% prevenível”, assegura.
Sobre o câncer de mama, que em nível de Brasil é o primeiro entre pessoas do sexo feminino, e no Amazonas é o segundo, ele ressalta que, embora não haja prevenção, a mamografia detecta a doença na fase inicial, o que, com o tratamento adequado, pode evitar, por exemplo, a perda total da mama (mastectomia radical).
Para os homens, ele destaca a importância do exame de toque retal e dosagem de uma proteína do sangue (PSA), através de exame de sangue. Esses exames estão disponíveis na rede pública de saúde, que vem recebendo investimentos para a ampliação da oferta, a partir do esforço do Governo do Estado, via Susam. Prova disso, é a aquisição de novos aparelhos de mamografia, que serão instalados em municípios-polo, reforçando a área da atenção oncológica.
Câncer infantil
No caso do câncer infantil, a oncopediatra Miyuki Guemba afirma que a atenção deve ser redobrada, uma vez que os sintomas da doença são parecidos com enfermidades comuns na infância e podem chegar a confundir os pais.
Segundo a oncologista pediátrica da FCecon, Doutora Miyuki Guemba, anemia, febre prolongada, dores ósseas, falta de apetite, fraqueza, dores abdominais e cefaléia (dor de cabeça) podem pedir um pouco mais de atenção dos pais do que o habitual. Ela ressalta que o reconhecimento e o diagnóstico precoce podem aumentar as chances de cura do paciente. “A maior dificuldade em realizar o diagnóstico do câncer infantil é que os sintomas são muito semelhantes aos das doenças comuns da infância”.
A especialista explica que entre os tipos de câncer mais comuns em crianças e adolescentes estão os tumores líquidos (a exemplo das leucemias - que afetam os glóbulos brancos - e linfomas – no sistema linfático -, seguidos dos tumores sólidos (do sistema nervoso central, tumor de Wilms - tipo de tumor renal -, neuroblastoma - tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal -, rabdomiossarcoma, osteossarcoma - tumor ósseo -, sarcoma de Ewing (câncer ósseo), retinoblastoma - afeta a retina, fundo do olho -, carcinoma de nasofaringe – na região da cabeça e pescoço -, entre outros).
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), nas últimas décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi significativo e, atualmente, em torno de 70% das crianças e adolescentes acometidos de câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados.
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