No meio de frases bem criativas e cômicas que se espalham pelo mundo da internet, uma delas parece ter sido pensada para a atual situação climática do Amazonas.  “Tá uma mistura de fim de ano com fim de mundo, não sei nem que roupa usar”.  A frase-piada cabe em qualquer circunstância, mas diante da crise provocada pela estiagem que reduziu rios e prejudicou a navegação no estado, parece bem apropriada. Calor chegando a 40 graus, queimadas em florestas e até em áreas dentro das cidades, sem sinal de chuva, quase que encobrem até a preocupação com outros graves problemas.

Nesta quarta-feira 4, o governo federal esteve em Manaus, representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que é ministro do Desenvolvimento, além de outros ministros e representantes de ministérios. Alckmin sobrevoou Manaus para avaliar a seca. Junto com o governador Wilson Lima (UB) e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), ele também visitou a comunidade de Catalão, em Iranduba (Região Metropolitana de Manaus). Durante entrevista, garantiu que não faltará ajuda do governo federal para os municípios afetados pela estiagem. Também anunciou antecipação do pagamento do bolsa família e outros benefícios sociais. 

A liberação de verbas está na casa de milhões de reais. Para recuperar a capacidade de navegação, obras de dragagem serão realizadas: uma no Rio Solimões e a outra no Rio Madeira. Também foi anunciado a liberação de R$ 15 milhões do Ministério da Justiça para adquirir uma aeronave a ser utilizada no combate aos incêndios.  Além do deslocamento de 191 brigadistas, para atuar no combate às queimadas. O seguro-defeso será antecipado em dois meses. Outros tipos de providência foram anunciados, a exemplo de kits de medicamentos para os municípios atingidos pela seca, de acordo com a demanda das prefeituras. 

Conforme o noticiário, a presença de Alckmin em Manaus, além de outros   ministros, é resultado de um pedido do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na comitiva estava a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), que enfrenta uma certa hostilidade de políticos do Amazonas: a ela é atribuída a culpa pelo não asfaltamento da BR-319. Marina se defende. Lembra que ficou 15 anos fora do governo (voltou a assumir o cargo neste terceiro governo Lula). “Se fosse fácil, a BR-319 já estaria feita”, rebate Marina. O senador Omar Aziz (PSD) aproveitou para fazer nova cobrança durante a visita ministerial, diante de várias autoridades.

O governador Wilson Lima também defende a pavimentação da BR-319 (falta apenas um trecho), que seria a opção nos períodos de seca. Além do direito constitucional de ir e vir. A presença dos ministros por causa da seca, pode reacender uma discussão que parece não ter fim. Mas enquanto tudo isso acontece, e o Amazonas se tornou pauta até da imprensa internacional, casos de queimadas não param por aqui.  Nesta quarta-feira 4, moradores de uma comunidade rural de Iranduba), tentaram apagar incêndio em parte da floresta ao redor. Eles usaram baldes de água, filmaram e mandaram imagens para a imprensa. 

Outra notícia desta quarta-feira: incêndio atingiu uma área de vegetação nas margens do igarapé do bairro Novo Aleixo (zona norte de Manaus). O vento espalhou as chamas pela vegetação e a fumaça invadiu a pista. Tanto no caso de Iranduba quanto no bairro Novo Aleixo, os bombeiros foram chamados e evitaram maiores danos. Já os responsáveis pelas queimadas, nunca aparecem. Também ninguém procura saber quem são.  

A coluna de hoje apenas destaca o trabalho da imprensa, num dia tão movimentado. O Portal do Holanda divulgou diversas matérias sobre a visita ministerial, ilustradas com imagens mostrando o tamanho do problema. É desanimador. Também soa irônico pensar que o “país” das águas, de repente (mesmo de forma temporária), se torne um pequeno deserto, em vários municípios.  Mas a hora da enchente vai chegar, igual a todos os anos. Sem “fim de mundo”. Espera-se.