O Ministério Público do Amazonas quer saber se a deputada Débora Menezes (PL) tem interesse político-eleitoreiro quando se apresenta até em entrevistas coletivas que a Polícia Civil concede à imprensa. Por isso, o MP-AM instaurou inquérito civil, com objetivo de apurar tais suspeitas. De acordo com o noticiário, a deputada, por meio da assessoria, garante que tudo não passa de especulação da imprensa. Mas, a presença constante dela nas coletivas levou uma delegada a colocar o cargo à disposição, fato lembrado pelo promotor Armando Gurgel, na portaria que instaurou o inquérito. Referência à delegada Joyce Coelho, titular da Depca (Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente).

No documento, o promotor Gurgel Maia escreve que "uma delegada colocou a titularidade da delegacia onde atua, à disposição da administração da PC-AM por entender que existe interferência política em ações próprias da atividade fim da Polícia Judiciária, com destaque para a repentina e reiterada aparição de uma deputada estadual em ambiente de ações da PC-AM e em coletivas de imprensa realizadas após prisões de grande repercussão social." Conforme também registrou este portal, o promotor fala em “presença marcante, destacada e inusitada de uma parlamentar (e somente ela, do Poder Legislativo), a deputada estadual Débora Menezes, em diversas entrevistas coletivas referentes a ações da PC-AM em casos de grande repercussão envolvendo crimes sexuais contra crianças e adolescentes, inclusive compondo a bancada de autoridades entrevistadas e comparecendo a locais de execução de prisões e realização de ações policiais”. 

O promotor também não esquece de explicar que este 2024 é ano de eleição. Tem mais na portaria: ao delegado-geral da PC-AM, Bruno Fraga, foi dado um prazo de cinco dias úteis para indicar todas as ocorrências ou operações que tiveram a participação da deputada, com explicações sobre a forma dessa participação.  Já a deputada, na sua página do Facebook, no dia 14 deste mês, contou que soube de um caso de abuso sexual de uma criança de apenas cinco dias, ocorrido num município do interior. Após explicar que “não poderia ficar de mãos atadas diante de um crime chocante como esse”, completou: “Em colaboração com a Polícia Civil e a DPI, ofereci total assistência à vítima e à família. Fui pessoalmente acompanhar os desdobramentos desse caso para garantir que o criminoso não ficasse impune”. Ao final do texto, pode-se ler o seguinte: “Contamos com as denúncias e a sensibilidade da sociedade para que crimes como esse, não deixem os agressores impunes. Essa luta é de todos nós! Abusadores não passarão! Deixem nossas crianças em paz”.

Até agora, a deputada não convocou nenhuma coletiva para opinar sobre o inquérito do Ministério Público. Agiu do mesmo modo quando a delegada Joyce Coelho colocou o cargo à disposição, sem esconder o motivo. Apenas a assessoria, de acordo com a imprensa, disse que Débora Menezes não fez nenhuma interferência em ações policiais. A notícia sobre a instauração do inquérito teve destaque em todos os veículos de comunicação de Manaus. O Portal do Holanda divulgou o fato com a seguinte manchete: “Deputada Débora Menezes será investigada por interferência política na Polícia Civil do AM”. 

A coluna sugere à Redação, que certamente acompanhará esse caso, para tentar uma entrevista com a deputada Débora Menezes, que nasceu em Taubaté (SP) e está no seu primeiro mandato, eleita com 32. 406 votos. E não apenas por causa desse último episódio. 

Leitores deste portal e eleitores amazonenses poderiam conhecê-la um pouco mais.