PF dá detalhes de operação que mira suspeitos de tentar fraudar eleições em Parintins
Manaus/AM - A Polícia Federal deflagrou a "Operação Tupinambarana Liberta", nesta quinta-feira, (3), para combater crimes eleitorais no Amazonas. Entre os alvos estão ex-secretários e outros agentes públicos que supostamente estariam participando de um esquema ilegal para beneficiar uma candidata à prefeitura de Parintins.
Conforme a PF, "membros de facções criminosas também teriam participação no plano". A operação mobiliza aproximadamente 50 policiais federais que cumprem cinco mandados de busca e apreensão em locais identificados durante as investigações em Manaus.
"O objetivo da operação é desarticular associação entre membros de facção criminosa e agentes públicos, os quais entraram em conluio visando a prática de crimes eleitorais em prol de uma candidatura na cidade de Parintins/AM. A investigação demonstrou que foram utilizadas estruturas de estado, inclusive, de forças policiais para benefício de uma chapa concorrente à Prefeitura de Parintins", diz a nota da PF.
Durante o processo, a Justiça Eleitoral também determinou a proibição do acesso dos investigados à cidade de Parintins e de qualquer contato entre os investigados e coligações partidárias do município.
Sobre a investigação
A investigação começou no último dia 16 de setembro, a partir de uma denúncia do Ministério Público Eleitoral em Parintins com base em um vídeo onde vários autoridades do Amazonas, incluindo secretários e policiais, aparecem supostamente planejando alterar o resultado das eleições no município.
O esquema teria contado "com participação direta de criminosos na coação à outros candidatos", segundo a Polícia Federal.
"Durante as investigações, surgiram indícios de ameaças de líderes comunitários ligados a uma facção criminosa nacional de tráfico de drogas proibindo o acesso de candidatos à prefeitura a certos bairros, bem como vedação de circulação em determinadas localidades. Aliado a isso, foram colhidos indícios acerca da possível inércia de agentes públicos para coibir tais ameaças em prol de uma candidatura à Prefeitura de Parintins. As ações coordenadas do grupo criminoso teriam promovido a espionagem de pessoas ligadas a um grupo político do município e também monitorado o deslocamento de policiais federais com a finalidade de frustrar a atuação da Polícia Federal", reporta a PF.
O nome da Operação decorre do termo utilizado atualmente pelos moradores de Parintins, chamando-a de “ilha Tupinambarana, a ilha da magia”, fazendo referência a região que foi habitada por diversas etnias indígenas, dentre elas os Tupinambás. O município é conhecido por situar o Festival Folclórico de Bois Bumbás, Garantido e Caprichoso.
Exoneração
Diante da situação, o governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou a exoneração envolvidos nesta quarta-feira (2). Wilson negou ainda qualquer envolvimento da estrutura do Governo no episódio e divulgou a seguinte nota:
"O Governo do Amazonas informa que, diante dos fatos recentes e para que a Justiça possa realizar o trabalho de investigação que julgar necessário, o governador Wilson Lima está exonerando Fabrício Rogério Cyrino Barbosa e Marcos Apolo Muniz de Araújo, dos cargos de Secretário de Estado de Administração e Secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa, respectivamente; e Armando Silva do Valle, do cargo de diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama).
O Governo do Estado reforça que, além de garantir a lisura das investigações, o ato tem como objetivo permitir que os citados se defendam de forma isonômica e justa. Ao final do processo legal de investigação, em se comprovando a inocência das partes, os mesmos retornam aos cargos.
Por fim, seguindo recomendação do Ministério Público do Estado (MPE-AM), o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Klinger Paiva, exonerou o tenente-coronel Jackson Ribeiro dos Santos do cargo de Comandante das Rondas Ostensivas Cândido Mariano e o capitão Guilherme Navarro Barbosa Martins, que integrava a Companhia de Operações Especiais (COE), que passam a realizar funções administrativas até o fim das investigações".
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