61% dos eleitores do Rio são contra armar Guarda, como defendem Paes e Ramagem, segundo Datafolha
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (23) pelo Datafolha mostra que a maior parte dos eleitores do Rio de Janeiro (31%) avalia que o próximo prefeito deve priorizar a segurança pública. Contudo, a maioria (61%) é contra autorizar o uso de arma de fogo por parte de agentes da Guarda Municipal.
De acordo com o levantamento, 70% dos entrevistados declararam se sentir muito mais inseguros atualmente do que há um ano. O resultado do levantamento dá sinais contraditórios aos três principais candidatos ao Palácio da Cidade.
O retrato vai ao encontro da estratégia do deputado federal Alexandre Ramagem (PL) de priorizar o tema como principal bandeira de campanha. O bolsonarista, porém, defende o uso de armas por um grupo da guarda após treinamento.
O prefeito Eduardo Paes (PSD), que tenta a reeleição, tem defendido a atuação complementar do município no tema e usado a crise no setor para vincular o governador Cláudio Castro (PL), principal responsável pela segurança pública, a Ramagem.
O deputado federal Tarcísio Motta (PSOL) afirma ser contrário ao uso de armas pela corporação. Ele diz que não há necessidade de agentes armados para cumprir seu papel, bem como avalia ser um risco ampliar a circulação de armas de fogo na cidade.
De acordo com os dados, a taxa dos que se declararam se sentir muito inseguro é maior entre as mulheres (77%) do os homens (62%). A oposição à proposta de armar a Guarda Municipal, porém, tem taxa semelhante entre os dois gêneros (37% e 35%, respectivamente).
A taxa de aprovação ao projeto é mais alta entre os que têm 16 a 24 anos (58%) e entre os eleitores de Ramagem (61%). A reprovação é maior entre os que se declararam petistas (73%).
O Rio de Janeiro é uma das poucas capitais do país que não possuem essa autorização. A Câmara Municipal discute um projeto de lei para alterar a Lei Orgânica, a fim de que o armamento seja viabilizado.
A segurança pública, segundo a Constituição, é uma responsabilidade dos governos estaduais. Mas a complexidade da violência nas grandes cidades faz com que o tema assuma protagonismo também na esfera municipal.
As outras duas principais prioridades apontadas pelos entrevistados foram saúde (19%) e educação (17%).
Em relação à saúde, 62% dos entrevistados declararam ter utilizado algum serviço público do setor no último ano. A maior parte foi à Clínica da Família (53%). Em seguida, vêm as UPAs, unidades de pronto-atendimento, com 40%. A nota média de satisfação com a rede pública foi de 7,3, numa escala de 0 a 10.
Uma das bandeiras de Paes nesta campanha, o transporte coletivo foi indicado por apenas 3% dos entrevistados como uma prioridade para o próximo prefeito.
Segundo os dados, 77% dos entrevistados afirmaram ter utilizado algum serviço de transporte público no último ano. A maior parte usou o sistema de ônibus municipais (74%), enquanto 46% disseram ter utilizado o BRT, principal marca da atual gestão.
A nota média de satisfação com o BRT foi de 7,6, enquanto o sistema municipal de ônibus teve 5,4, numa escala de 0 a 10.
A pesquisa também apontou que 65% dos entrevistados avaliam a renda familiar como insuficiente. Apenas 8% declarou que recebem mais do que o suficiente, enquanto 27% considera ter exatamente o que precisa para viver.
A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, a pesquisa do Datafolha, registrada no TSE sob o número RJ-07042/2024, ouviu 1.106 eleitores de terça-feira (20) até esta quinta (22).
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