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Bolsonaro reúne milhares na Paulista, cobra freio a Moraes e repete pedido de anistia do 8/1

Por Folha de São Paulo

07/09/2024 18h00 — em
Política



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O protesto que teve como alvo o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes reuniu apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em parte da avenida Paulista, na região central de São Paulo, na tarde deste sábado (7).

Bolsonaro subiu no caminhão de som ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e dos filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) pouco depois das 14h. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) também estava no veículo, mas não foi anunciado e nem citado nos discursos.

No mesmo trio, que ecoava falas religiosas, paródias de funks e odes a Bolsonaro, estavam ainda o pastor Silas Malafaia ao lado de um grupo de legisladores bolsonaristas, como os senadores Magno Malta (PL-ES) e Marcos Pontes (PL-SP) e os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Bia Kicis (PL-DF), Mario Frias (PL-SP) e Ricardo Salles (Novo-SP).

O ex-presidente esteve em hospital pela manhã porque, segundo seu entorno, se sentiu mal em decorrência de uma gripe.

Na véspera, Bolsonaro afirmou, em um discurso a apoiadores em Juiz de Fora (MG), que a manifestação seria feita para desafiar o que ele chama de "sistema".

O tom foi repetido neste sábado pelo ex-mandatário, que fez o discurso final do ato. Nele, Bolsonaro pediu que o Senado atue contra o magistrado.

"Espero que o Senado bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil do que o Luiz Inácio Lula da Silva", disse.

O ex-presidente declarou que as eleições de 2022 foram conduzidas "de forma totalmente parcial" por Moraes e pediu que uma proposta de anistia a bolsonaristas avance na Câmara. "Nós conseguiremos essa anistia. Só assim poderemos começar a sonhar com pacificação" afirmou.

O primeiro discurso do evento tinha sido do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que chamou Moraes de psicopata e puxou o coro de "fora, Xandão". Também pediu o impeachment do magistrado e a anistia aos acusados de atos golpistas e que os apoiadores defendam quatro bandeiras.

"Número um, o fim da perseguição dos inocentes e prisões políticas. Número dois, a anistia para todos os presos políticos. Três, o encerramento de todos os inquéritos ilegais derivados do inquérito do fim do mundo e quatro, o impeachment de Moraes", pediu, sendo muito aplaudido.

Alguns manifestantes seguram cartazes, em inglês e em português, pedindo ajuda ou agradecendo ao bilionário Elon Musk, dono do X, antigo Twitter.

O pastor Silas Malafaia, organizador da manifestação, também fez uma fala dura contra o ministro. Listou normas que entende que foram infringidas pelo magistrado e o acusou de "rasgar a Constituição".

"Alexandre de Moraes tem que sofrer impeachment e ir para a cadeia. Lugar de criminoso é na cadeia", disse aos berros. Os manifestantes reagiram ao discurso gritando: "cabeça de ovo, supremo é o povo".

O governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) não citou Moraes em sua fala, mas defendeu anistia ao presos pelos ataques golpistas de 8 de janeiro em seu discurso. "A nossa causa hoje aqui é a liberdade, a anistia", disse.

A manifestação em São Paulo foi insuflada por decisão de Moraes de suspender no Brasil as atividades do X, após a empresa não indicar um representante legal no país.

Desde então, o dono da plataforma, Elon Musk, tem endossado postagens sobre o protesto. Ele escreveu que o magistrado "deve sofrer impeachment por violar seu juramento de posse".

Outro episódio recente que gerou críticas de bolsonaristas foi a série de reportagens publicada pela Folha de S. Paulo que revelou atuação fora do rito no gabinete de Moraes no STF. Auxiliares ordenaram por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral, também chefiada na época pelo ministro, para embasar decisões do próprio magistrado contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo durante e após as eleições de 2022.

Na última manifestação bolsonarista na avenida Paulista, em fevereiro, Bolsonaro maneirou a conhecida agressividade contra o Supremo e afirmou buscar a pacificação do país.

Naquela ocasião, apoiadores foram orientados a não levar faixas e cartazes contra o STF. Desta vez, não houve este pedido, afirma Malafaia.

O protesto tem impacto ainda na eleição municipal de São Paulo, no momento em que o público bolsonarista tem abraçado a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) apesar de Bolsonaro ter indicado apoio ao prefeito.

Marçal, que viajou para El Salvador na quinta (5), fez mistério sobre ir à manifestação. Ele chegou ao local pouco após a fala de Bolsonaro, foi aplaudido pelo público e posou para selfies.

Declarado inelegível pela Justiça Eleitoral até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, o ex-presidente foi indiciado neste ano pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

Além desses casos, Bolsonaro é alvo de outras investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.

Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado pelo ministro Alexandre de Moraes e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.


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